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SPARRING
Traga apenas maçãs
EDUARDO OHATA
Desde a década de 60 o boxe
peso pesado argentino não tem
motivos para comemorar. O último lutador platino da categoria digno de nota foi Oscar Bonavena, que enfrentou e perdeu, mas em boas apresentações, para os ex-campeões Muhammad Ali e Joe Frazier.
Poucos se recordam que, em
1950, uma pesquisa realizada
pela Associated Press (agência
internacional de notícias) entre
os jornalistas esportivos apontou o combate entre o lendário
campeão mundial Jack Dempsey e o grandalhão argentino
Luis Firpo, o "touro selvagem
dos pampas", na década de 20,
como o "mais dramático evento
esportivo da primeira metade
do século".
Ainda hoje, aquele combate
inclui-se entre as três melhores
de todos os tempos. E por que
não? Em menos de quatro minutos, eles dividiram 12 quedas.
Embora Firpo tenha "visitado" a lona por sete vezes no
assalto inicial, ele, mesmo com
a mão machucada, conseguiu
atirar o adversário norte-americano para fora do ringue com
um potente soco.
Dempsey teve de ser ajudado
por membros da imprensa para
retornar ao tablado -uma irregularidade que deveria ter sido punida com a desclassificação- e ser salvo pelo gongo.
Firpo foi nocauteado no segundo assalto, mas levou perigo
ao campeão até o último golpe.
Hoje a Argentina produz caricaturas de pugilistas (entre os
pesos pesados), como aqueles
gorduchos que são regularmente "importados" para enfrentar
o brasileiro "Maguila".
No próximo dia 30, o norte-americano Tony Tubbs, 39,
ex-campeão mundial, visitará a
Argentina para enfrentar Mario Melo. Para o argentino será
como brigar com bêbado: mesmo vencendo, não terá feito
mais do que a obrigação.
O fantasma de Firpo não tem
com o que se preocupar. Da Argentina traga-me apenas maçãs, carne e outros produtos.
Pesos pesados? Não, obrigado.
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