São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bonequinha de luxo

Mulheres ocupam cada vez mais espaço na mídia e nos Jogos, mas ainda estão distantes do poder

ADALBERTO LEISTER FILHO
FÁBIO SEIXAS

ENVIADOS ESPECIAIS A ATENAS

Na Vila Olímpica, nos desfiles, quadras, campos e piscinas, ocupam cada vez mais espaço. Atléticas, com uniformes propositalmente colados, com biquínis ou maiôs, tomam capas de revista, outdoors, páginas de jornais.
Atenas as expõe. Pelo calor da Grécia e pelo da mídia, que, em muitos casos, não precisa de sucesso ou medalhas para justificar a ânsia de mostrar seus corpos.
São muitos. Nunca foram tantos e nunca tiveram tanta participação. Na 28ª Olimpíada da Era Moderna, 4.520 (40,8%) dos atletas são mulheres. O recorde anterior pertencia a Sydney-2000, 3.978, ou 39,1% do total.
Mas, nos bastidores, o cenário não é tão cor-de-rosa. Elas ainda estão longe do comando, tanto no Brasil como no mundo. Das 28 federações esportivas internacionais representadas em Atenas, só duas têm mulheres no comando.
Entre as confederações brasileiras com atletas nos Jogos, 20 são comandadas por homens e apenas uma, a da ginástica, é dirigida por mulher, Vicélia Florenzano. E, no banco, o país contabiliza 50 técnicos em Atenas, contra apenas quatro treinadoras.
"Hoje há mais dirigentes homens porque antigamente os atletas eram todos homens. Acho que muitas das mulheres que hoje competem serão dirigentes no futuro", disse Barbara Laffranchi, técnica e chefe de missão da equipe brasileira de ginástica rítmica.
"A tendência é ver cada vez mais mulheres na chefia. A mulher é mais responsável, é mais rápida nas decisões e está mais acostumada a pegar no pesado."
Em competições abertas (para homem e mulher), ainda são os homens quem dominam tanto em número de competidores como em conquistas de medalhas.
É o caso, por exemplo, da vela. A classe laser, de Robert Scheidt, apesar de ser mista, nunca teve uma mulher no pódio. O mesmo ocorre na tornado, em que nenhuma mulher medalhou desde a estréia da classe, em Montréal-76.
No hipismo, os homens também prevalecem no concurso de saltos. Só há uma mulher entre os top ten, Elisabeth Madden (EUA), em oitavo. Igualmente solitária está Luciana Diniz-Knippling na equipe brasileira, a primeira mulher no time olímpico em 16 anos.
Inferiores no poder e no combate direto, as mulheres também não disputam um número de medalhas que reflita sua crescente participação na família olímpica. Pelo menos por enquanto, somente 39% dos pódios são destinados a elas.


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Pingue-pongue: Não duvide de uma mulher, diz Martina, que estréia aos 47
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.