São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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AUTOMOBILISMO

Schumacher não pode ser campeão hoje, mas sua equipe, hegemônica, deve levar Mundial de Construtores

"Barbada", Ferrari estaciona F-1 no tempo

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

A mesma escuderia campeã nos últimos seis anos. E liderada sempre pelo mesmo piloto. Esse é o cenário que a Ferrari de Michael Schumacher tentará impor hoje à F-1, como se a categoria estivesse parada no tempo.
Desde 1999 a equipe italiana domina o Mundial de Construtores, principalmente devido ao alemão. Hoje, no GP da Hungria, às 9h, a Ferrari conquista o seu sexto título de equipes seguido, a menos que a Renault desconte uma diferença de dez pontos.
A tarefa francesa é difícil. A Ferrari domina a primeira fila do grid, com Schumacher, na pole, e Rubens Barrichello, em segundo.
O maior vencedor da F-1 não pode assegurar hoje o seu sétimo título, mas tem chances de sair de Hungaroring perto dele. Com 36 pontos de vantagem sobre Barrichello, vice-líder, e 49 a mais que Jenson Button, terceiro, o alemão pode assegurar o hepta já na etapa seguinte, na Bélgica, dia 29.
Após a corrida de hoje, restarão cinco provas (50 pontos em jogo).
A situação é tão confortável que Schumacher soltou a língua em Budapeste. "Com certeza, um dos dois títulos nós vamos ganhar. Não é segredo que provavelmente ninguém vai tirar o título de Construtores da Ferrari. É uma questão de tempo", disse.
Seus adversários demonstram já ter jogado a toalha. "A Ferrari parece tão forte que não há o que fazer. Acho que os carros deles vão pular na frente na largada e destruir tudo", declarou Button.
Títulos à parte, o maior campeão de todos os tempos da categoria pode ter outros motivos para celebrar hoje. Uma nova vitória esticará o recorde de vitórias num mesmo campeonato, que já pertence a ele. Se cruzar a linha de chegada em primeiro, subirá ao topo do pódio pela 12ª vez nesta temporada. Uma a mais do que ele conseguiu há dois anos.
Na atual temporada, ele só não venceu em Mônaco, onde o italiano Jarno Trulli ganhou.
Tal domínio tornou ridícula a mudança feita na pontuação na tentativa de deixar o campeonato mais equilibrado. Mesmo com o vencedor levando apenas dois pontos de vantagem sobre o segundo (10 a 8), ele está perto de obter o título antecipadamente.
Se estivesse em vigor o regulamento antigo -dez pontos para o primeiro e seis para o segundo-, Schumacher poderia ser campeão já na Hungria.
Uma vitória hoje também fará com que o alemão emplaque uma diferença histórica sobre Ayrton Senna, o terceiro maior vitorioso da história da categoria. O ferrarista passaria a ter exatamente o dobro do número de triunfos do brasileiro, morto em 1994: 82 a 41.
A comparação com seu atual companheiro de equipe aumenta o abismo. Só neste ano o alemão obteve mais vitórias do que Barrichello em toda a sua carreira. O brasileiro venceu sete vezes.
Subir no lugar mais alto do pódio também significará para Schumacher quebrar o recorde de seis vitórias seguidas numa só temporada. Na etapa anterior, em Hockenheim, ele igualou essa marca, que fora obtida apenas por Alberto Ascari, em 1952.
Quatro dias após o COI (Comitê Olímpico Internacional) desfiliar a FIA, dando munição para os que discutem em botecos se a F-1 é ou não esporte, Schumacher e a Ferrari podem dar mais argumentos para outra conversa. Uma vitória do alemão e um novo título do time engrossarão o já enorme coro dos que dizem que "a F-1 está chata e nada novo acontece".


Colaborou Tatiana Cunha, Da Reportagem Local

NA TV - GP da Hungria, na Globo, ao vivo, às 9h


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