São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2005

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VÔLEI

As novas gerações

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Desta vez, não deu: o Brasil perdeu para a Rússia por 3 a 0 (28/30, 18/25 e 23/25) na final do Mundial juvenil masculino, na Índia. Mas a medalha de prata é um bom resultado e um sinal do grande futuro do vôlei brasileiro, que neste ano já ganhou o título mundial juvenil e infanto-juvenil no feminino.
A vitória dos russos não foi surpresa. Sexta-feira, o técnico da Holanda, Gido Vermeulen, já dizia que a Rússia era a melhor equipe do Mundial. Basta dar uma olhadinha na campanha: venceu os setes jogos, com apenas três sets perdidos. O Brasil só teve uma derrota, justamente na final, e perdeu sete sets.
O que impressiona nessas novas gerações, com média de 19 anos, é o potencial físico. A média de altura dos russos é de 2,00 m. O Brasil, e essa é a grande conquista, não fica abaixo: tem 1,98 m. É uma seleção mais alta do que a adulta, que foi campeã da Liga Mundial com média de 1,95 m.
O central da seleção juvenil, Lucas Saaltkamp, mede 2,09 m. Altura superior ao mais alto jogador da seleção adulta, o central Rodrigão, de 2,05 m. Chama a atenção também o físico dos levantadores: Luisinho, que atua no Minas, tem 1,96 m, e Bruno, filho de Vera Mossa e do técnico Bernardinho, com 1,90 m.
Neste país que tem hoje uma carência de ponteiros, outra boa nova na seleção juvenil é Thiago Alves, 19 anos e 1,94 m. Ele é o capitão do time e, ao longo do campeonato, esteve sempre bem colocado nas estatísticas em quatro fundamentos: ataque, saque, recepção e defesa. O menino promete.
Mas sempre fica uma pergunta: "Qual o segredo para o Brasil conseguir esses grandes resultados nas categorias de base?". Uma resposta pode ser encontrada na seleção brasileira feminina infanto-juvenil, que no final de julho foi bicampeã mundial em Macau, na China.
O trabalho do técnico Luizomar de Moura começou com uma grande peneira de jogadoras de várias cidades brasileiras e que reuniu 52 atletas. Entre elas estava a catarinense Natália Pereira, 16 anos, 1,83 m e eleita a melhor jogadora do Mundial.
Na seleção juvenil feminina, que chegou ao pentacampeonato mundial comandada por Antônio Rizola, o que impressiona também é o físico. A levantadora Ana Tiemi tem 18 anos e 1,88 m. A central Thaísa, de 1,96 m, já está até treinando, como convidada, na seleção brasileira adulta.
O que preocupa nessa história toda é o futuro. O vôlei brasileiro hoje vive uma certa contradição: as seleções vão bem, mas a situação dos clubes não é das melhores. Os torneios estão cada vez mais esvaziados. Resultado: muitas vezes não há times para essa nova geração jogar e se desenvolver mais.
Os que mais se destacam conseguem uma vaga em um dos poucos grandes clubes, mas também acabam amargando muito tempo no banco. O desafio do vôlei brasileiro é melhorar a situação dos clubes e cuidar dessas novas gerações para que elas cheguem, com o mesmo talento, ao time adulto.

Os Thiagos
Dos 12 jogadores da seleção brasileira juvenil, quatro têm o mesmo nome: Thiago. Ou seja, um terço do time. São três atacantes (Thiago Alves, Thiago Machado e Thiago Sens) e um líbero (Tiago Brendle).

Paulista
O técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães, acompanhou da arquibancada a vitória da Unisul por 3 sets a 1 sobre o Araraquara, no sábado, em Barueri. Zé Roberto vai assumir o comando da Unisul na Superliga. Enquanto isso, quem está dirigindo o time é seu auxiliar, Marcos Kwiek. A Unisul, do levantador Vinhedo, é a favorita para a conquista do título paulista. Amanhã, a equipe vai enfrentar o Ferraz de Vasconcelos, comandado por Ricardo Navajas, no ginásio do São Paulo, no Morumbi.

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