São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Policiais cadeirantes são incorporados à Força Nacional no Parapan

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Um mês de investigação levou o cabo Waldemar Coelho e sete colegas do serviço de inteligência da PM de Pernambuco, a uma favela para prender os assassinos de um policial, em 92. Emboscados, viraram alvo de criminosos. Coelho correu e entrou num beco sem saída.
Foi atingido cinco vezes, uma na sétima vértebra. Sem colete, ficou paraplégico e passou 14 meses no hospital.
O vice-campeão brasileiro de taekwondo Luiz Maurício dos Santos era cabo da equipe esportiva da PM no Distrito Federal e tinha montado academia para treinar policiais e crianças pobres no quartel. Ensinava defesa pessoal e estava no auge como atleta em 98, quando foi atropelado por um motorista alcoolizado e perdeu o movimento das pernas.
Os dois policiais estavam reformados e na reserva como sargentos (há promoção automática nessas situações) até sexta. Desde então são os pioneiros de projeto da Senasp de inclusão de deficientes na Força Nacional.
Segunda-feira, de boina vermelha e uniforme da FNS, foram responsáveis por fazer a revista de cadeirantes, como eles, na entrada do Engenhão. Junto dos atletas parapan-americanos, estão alojados na Vila e ficam no Rio até o dia 21.
"Os atletas adoram nos ver aqui", conta Maurício, 41.
Estavam na reserva, mas não inativos. Maurício continuou a dar aulas de taekwondo e tem até um colega faixa preta da Força Nacional no Rio como aluno. Tornou-se presidente de associação de deficientes físicos. "Sou ativista até demais. Estou precisando de férias", brincou.
Como Waldemar, passou a praticar basquete em cadeira de rodas. O sargento pernambucano se animou. Não chegou à seleção nacional nem disputou Parapan, mas integrou por oito anos a seleção de basquete em cadeiras de rodas de seu Estado.
Afastados da atividade policial, os integrantes da Força Nacional aceitaram de pronto a oferta de atuar no Parapan. "Fiquei empolgado. Tanto que nem dormi direito. Na noite de quinta para sexta, quando viria, fiquei tão agitado que minha mulher se irritou: "Vai dormir!"."


Texto Anterior: Parapan: Brasileiro bate recorde e quer melhorar marca
Próximo Texto: Régis Andaku: Aprender a gostar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.