São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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PEQUIM 2008

A 50 m

NAS SEMIFINAIS DA PROVA MAIS RÁPIDA DA NATAÇÃO, CÉSAR CIELO CRAVA O RECORDE OLÍMPICO E TENTA HOJE SER O 1º CAMPEÃO DO BRASIL NAS PISCINAS

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

César Cielo experimentou várias fórmulas diferentes de nadar os 100 m livre até achar o caminho ao pódio olímpico. Agora, busca a prova perfeita.
O nadador se tornou, anteontem, o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha individual na natação desde Atlanta-1996. Levou um bronze, na mesma raia 8 em que Fernando Scherer havia conquistado o seu 12 anos atrás.
Hoje, às 23h39 (horário de Brasília), terá pouco mais de 20 segundos para buscar, na prova mais rápida da natação, o inédito ouro para o Brasil e o tempo que anotou em um papel em casa, com a meta que almeja na piscina e que ele afirma que só revelará hoje.
"Tenho coisas a melhorar. Vou buscar a prova perfeita. Nos 100 m, saí na raia 8 e fiquei em terceiro. Agora saio na raia quatro...", declarou, otimista, o nadador, que cravou novo recorde olímpico nas semifinais, 21s34, ontem à noite.
"Cinco centímetros podem fazer a diferença entre a alegria e a tristeza, e eu quero sair da água feliz. Tenho de fazer como nos 100 m, preocupar-me apenas comigo mesmo."
O último pódio da natação do Brasil em Olimpíadas havia sido o bronze do revezamento 4 x 100 m livre, em Sydney-00.
Em Pequim, para colocar o bronze no pescoço, Cielo, 21, teve de aprender algumas lições. A primeira foi que pode nadar melhor se "acordar" um pouco mais tarde. Nas semifinais, havia seguido tradição do campeonato universitário dos EUA e pulou na piscina perto das 6h, no horário chinês, mas a prova ocorreu só às 10h.
"Nadei os 100 metros quatro vezes, a cada prova fui experimentando algo novo. Da outra vez, fiquei muito tempo acordado. Na final, acordei quando pulei na água, e deu aquele choque, cerca de uma hora e meia antes de competir", disse.
A estratégia de Cielo foi passar a metade da prova "bem relaxado". Cumpriu a distância em 22s74, o terceiro melhor tempo, atrás do francês Alain Bernard e do australiano Eamon Sullivan, respectivamente ouro e prata nos 100 m livre.
"Se o meu [desempenho] bem relaxado está entre os primeiros, foi ótimo. Nos 50 m não tem como segurar", disse.
Nas análises dos vídeos de suas provas, o biomecânico da seleção, Paulo César Marinho, também percebeu que, nos últimos 25 metros, o nadador não mantinha o ritmo das braçadas e ficava para trás. Para a disputa da medalha, Cielo deixou de se preocupar em manter a força para apenas girar mais o braço. Chegou tranqüilo.
Como parte da preparação olímpica, Cielo foi incluído na "tropa de elite" da seleção brasileira de natação, que recebeu verba para treinamentos e competições no exterior.
O brasileiro treinava na Universidade de Auburn, nos EUA. Levava uma vida pacata, com direito até a uma cláusula em contrato para evitar namoros. Depois do Pan-07, no Rio, decidiu virar profissional. Seu empresário é Scherer. Cielo estuda propostas de Itália e Austrália.
Nas primeiras horas após o bronze nos 100 m livre, não conseguiu descansar. Dormiu mal. "Na Vila [Olímpica], as pessoas param para te cumprimentar. É legal esse reconhecimento. Ainda bem que tenho um dia para descansar", disse ele, liberado das eliminatórias do 4 x 100 m medley, hoje.


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