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PEQUIM 2008
A 50 m
NAS SEMIFINAIS DA PROVA MAIS RÁPIDA DA NATAÇÃO, CÉSAR CIELO CRAVA O RECORDE OLÍMPICO E TENTA HOJE SER O 1º CAMPEÃO DO BRASIL NAS PISCINAS
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
César Cielo experimentou
várias fórmulas diferentes de
nadar os 100 m livre até achar
o caminho ao pódio olímpico.
Agora, busca a prova perfeita.
O nadador se tornou, anteontem, o primeiro brasileiro
a conquistar uma medalha individual na natação desde
Atlanta-1996. Levou um bronze, na mesma raia 8 em que
Fernando Scherer havia conquistado o seu 12 anos atrás.
Hoje, às 23h39 (horário de
Brasília), terá pouco mais de
20 segundos para buscar, na
prova mais rápida da natação,
o inédito ouro para o Brasil e o
tempo que anotou em um papel em casa, com a meta que
almeja na piscina e que ele
afirma que só revelará hoje.
"Tenho coisas a melhorar.
Vou buscar a prova perfeita.
Nos 100 m, saí na raia 8 e fiquei em terceiro. Agora saio na
raia quatro...", declarou, otimista, o nadador, que cravou
novo recorde olímpico nas semifinais, 21s34, ontem à noite.
"Cinco centímetros podem
fazer a diferença entre a alegria e a tristeza, e eu quero sair
da água feliz. Tenho de fazer
como nos 100 m, preocupar-me apenas comigo mesmo."
O último pódio da natação
do Brasil em Olimpíadas havia
sido o bronze do revezamento
4 x 100 m livre, em Sydney-00.
Em Pequim, para colocar o
bronze no pescoço, Cielo, 21,
teve de aprender algumas lições. A primeira foi que pode
nadar melhor se "acordar" um
pouco mais tarde. Nas semifinais, havia seguido tradição do
campeonato universitário dos
EUA e pulou na piscina perto
das 6h, no horário chinês, mas
a prova ocorreu só às 10h.
"Nadei os 100 metros quatro
vezes, a cada prova fui experimentando algo novo. Da outra
vez, fiquei muito tempo acordado. Na final, acordei quando
pulei na água, e deu aquele
choque, cerca de uma hora e
meia antes de competir", disse.
A estratégia de Cielo foi passar a metade da prova "bem relaxado". Cumpriu a distância
em 22s74, o terceiro melhor
tempo, atrás do francês Alain
Bernard e do australiano Eamon Sullivan, respectivamente ouro e prata nos 100 m livre.
"Se o meu [desempenho]
bem relaxado está entre os primeiros, foi ótimo. Nos 50 m
não tem como segurar", disse.
Nas análises dos vídeos de
suas provas, o biomecânico da
seleção, Paulo César Marinho,
também percebeu que, nos últimos 25 metros, o nadador
não mantinha o ritmo das braçadas e ficava para trás. Para a
disputa da medalha, Cielo deixou de se preocupar em manter a força para apenas girar
mais o braço. Chegou tranqüilo.
Como parte da preparação
olímpica, Cielo foi incluído na
"tropa de elite" da seleção brasileira de natação, que recebeu
verba para treinamentos e
competições no exterior.
O brasileiro treinava na Universidade de Auburn, nos EUA.
Levava uma vida pacata, com
direito até a uma cláusula em
contrato para evitar namoros.
Depois do Pan-07, no Rio, decidiu virar profissional. Seu empresário é Scherer. Cielo estuda
propostas de Itália e Austrália.
Nas primeiras horas após o
bronze nos 100 m livre, não
conseguiu descansar. Dormiu
mal. "Na Vila [Olímpica], as
pessoas param para te cumprimentar. É legal esse reconhecimento. Ainda bem que tenho
um dia para descansar", disse
ele, liberado das eliminatórias
do 4 x 100 m medley, hoje.
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