São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2010

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Dor no púbis

Moléstia de Kaká e Ronaldo é cada vez mais comum entre profissionais e amadores

DE SÃO PAULO

Kaká, Ronaldo, Juninho Pernambucano, Gustavo Kuerten. A lista é grande.
Estes e vários outros atletas, sejam profissionais ou de fim de semana, sofreram ou sofrem de pubalgia.
As lesões no púbis se tornaram mais comuns nos últimos anos. E, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, elas demoram para ser curadas porque atletas dificilmente aceitam realizar o tratamento mais recomendado: repouso absoluto.
"Se houver repouso, cessam a inflamação e a dor", diz o fisiologista Turíbio Leite de Barros, professor da Unifesp. "Hoje os atletas fazem fisioterapia, tomam anti-inflamatório, até operam, e voltam a jogar logo. Mas é preciso atacar as causas."
A pubalgia é resultado de desequilíbrio entre músculos do abdome e do quadril, ou entre músculos dos dois lados do corpo, já que no local há uma concentração de grande número de músculos.
Os problemas no púbis são apontados por médicos e fisioterapeutas como o terceiro grupo de moléstias que mais incomodam corredores, atrás de lesões musculares em geral e nos joelhos.
"O futebol é um prato cheio para esse tipo de lesão, porque os jogadores usam muito mais apenas um lado do corpo, e ainda há as mudanças de direção", explica o fisioterapeuta David Homsi.
O outro motivo pelo qual as lesões no púbis agora aparecem com mais frequência é o avanço nas tecnologias de diagnóstico.
"Até o início dos anos 80 não havia ressonância, tomografia, esse monte de exames. Era só raio-X", diz Joaquim Grava, que escreveu tese de mestrado sobre tratamento cirúrgico da pubalgia.
"Até por isso, muitos casos de pubalgia eram diagnosticados como hérnia inguinal, infecção urinária e até prostatite", completa o médico.
O tratamento para a pubalgia raramente termina em cirurgia. "Somente em casos em que repouso, fisioterapia e remédios não resolvem."
Mesmo assim, há quem não escape. Joaquim Grava garante ser o recordista mundial em cirurgias desse tipo.
"Operei 109 jogadores. O primeiro foi o Ângelo, atacante do Corinthians, em 1989. Só em 2009, operei o Alex, do Chelsea, o Tinga e o Kleber, que estão no Palmeiras. Todos voltaram sem dor, em poucas semanas", diz.


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