São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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VÔLEI

Marco Aurélio Motta ajudou a montar a equipe que decide hoje o Mundial

Itália pode consagrar time garimpado por brasileiro

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem sucesso na missão de levar a renovada seleção brasileira ao pódio, o técnico Marco Aurélio Motta pode assistir hoje à inédita conquista de outra geração de jogadoras que ajudou a revelar.
Com a ajuda do treinador brasileiro, a Itália descobriu grande parte da equipe de Francesca Piccinini, Elisa Togut e Manuela Liggeri, que pode sagrar-se campeã mundial na Alemanha.
Depois de eliminarem as favoritas China e Rússia, italianas e norte-americanas se enfrentam hoje, a partir das 10h, em uma final inédita, por uma conquista também inédita para ambas as seleções.
A relação de Marco Aurélio Motta com o vôlei italiano começou em 1991. Naquele ano, o treinador brasileiro foi à Itália a convite do argentino Júlio Velasco, campeão mundial com a seleção masculina italiana em 1990 e 1994.
Velasco queria alguém que o ajudasse a formar uma nova geração de atletas em um país sem expressão no cenário internacional.
Motta levava no currículo a conquista do primeiro título mundial do Brasil no vôlei feminino -o Mundial juvenil em 1987.
A equipe que o treinador dirigia na época era formada pela mais vitoriosa geração nacional, com Fernanda Venturini, Márcia Fu, Ana Moser e cia.
O brasileiro encontrou uma Itália com jogadoras baixas, sem perspectiva de desenvolvimento.
"A solução era uma revolução completa. Quando cheguei lá, tinha duas linhas para seguir: mexer no time adulto e estruturar as categorias de base", conta Motta.
Com um projeto não muito oneroso, o técnico, junto com outros três profissionais, percorreu o país à procura de meninas altas. Ao mesmo tempo, comandava o time principal da Itália.
"Saímos pelas regiões italianas com balanças de banheiro e uma polaroid. Embora muitos ridicularizassem nossa iniciativa, eu acreditava que poderíamos encontrar meninas altas. Afinal, onde estavam as irmãs dos jogadores italianos?", brincou.
Uma das revelações da seleção do país, Togut, tem 1,92 m. A atleta mais alta do time brasileiro, Luciana, mede 1,89 m.
Dois anos depois de iniciado o trabalho, a nova geração italiana conquistou seu primeiro título feminino internacional, o do Europeu infanto-juvenil.
A base trabalhada desde 1991 ganhou importante reforço em 1996: Júlio Velasco. Com ele, o vôlei masculino da Itália ganhara dois Mundiais, cinco Ligas Mundiais e a medalha de prata nos Jogos de Atlanta daquele ano.
Quando o técnico assumiu o time, as italianas estavam apenas em 15º lugar no ranking mundial.
O principal objetivo da seleção foi alcançado em 2000, com a inédita classificação para uma Olimpíada, em Sydney -ficou em nono lugar. Um ano depois, as italianas, hoje em sétimo no ranking, ganharam a prata no Europeu.

NA TV - Itália x EUA, Sportv, ao vivo, às 10h

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