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Crise leva Brasil a procurar na lista time para a Davis
Juvenis se recusam a jogar, técnico cai e confederação chama Kirmayr, que desconhece a equipe que convocou para tentar evitar rebaixamento
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a terceira formação em
menos de seis meses, o Brasil começa a pensar hoje, no escuro, em
como escapar da terceira divisão
da Copa Davis e não afundar de
vez o tênis brasileiro na crise.
A nova lista foi formada às pressas nos últimos dias diante de um
novo boicote. Desta vez, foram os
juvenis que disseram não à confederação brasileira, e o capitão Ricardo Pereira deixou o cargo.
Carlos Alberto Kirmayr foi chamado para comandar o time, enquanto a CBT disparava telefonemas para jogadores seguindo a
ordem no ranking mundial.
O novo capitão, que é coordenador técnico da entidade, foi
contatado no domingo à noite.
Pensou na proposta até anteontem, quando deu o sim. Até hoje,
não viu seus pupilos em ação.
Durante esse intervalo, a entidade corria para tentar arregimentar atletas dispostos a encarar o
desafio de jogar para livrar o Brasil de um novo rebaixamento.
"Entrei no cenário com o barco
da confederação procurando
uma direção, foi um desespero.
Muitos não queriam jogar. Que
bom que estes aceitaram", afirmou Kirmayr. Até o fim da tarde
de ontem, ele ainda negociava a
convocação para o confronto, do
dia 24 ao dia 26 deste mês, contra
o Peru, que leva o perdedor à terceira divisão da competição.
Ronaldo Carvalho (439º do ranking), Alexandre Camarço (541º),
Leonardo Kirche (691º), e Gabriel
Pitta (734º) atenderam ao chamado. Nenhum deles figura na Corrida dos Campeões.
O processo que levou Kirmayr
ao comando da seleção foi iniciado na sexta-feira. Sabendo que
poderia não contar com respaldo
de técnicos e ex-tenistas que o haviam apoiado na última disputa,
Ricardo Pereira entregou o cargo.
O antigo capitão, que assumira
a equipe em julho e convocara juvenis, já sabia que não teria os
atletas que perderam os duelos
contra a Venezuela, pelo playoff
do Zonal Americano - Diego
Cubas, Bruno Rosa, Caio Zampieri e Raony Carvalho. Os tenistas
também não aceitaram seguir no
time diante da falta de mudanças
no comando da CBT.
Pereira havia tomado a medida
de convocar só atletas inexperientes para tentar contornar as pressões pelo momento político na
entidade. "Eles não queriam jogar, não me aprofundei nos motivos. Mas seria complicado jogar
no Brasil com os juvenis. Não
continuaria sem ter respaldo do
meu trabalho, como quando tive
ajuda do [Fernando] Meligeni para treinar os atletas", disse ele.
Os maiores temores do antigo
técnico eram a pressão política, já
que os principais tenistas do país
boicotaram a Davis, e a dificuldade de obter um resultado positivo
diante da torcida em Brasília.
Os peruanos resolveram problemas internos com seus tenistas
e terão força máxima. O principal
nome será Luis Horna, atual 34º
do ranking mundial.
"Eles vão sentir pressão, mas ao
mesmo tempo não têm muito a
perder. Quando você tem uma
equipe teoricamente muito inferior, tem a chance de arriscar e
surpreender. De certa forma, a
pressão pelo resultado está sobre
os peruanos", afirmou Kirmayr.
"A oportunidade caiu no colo
deles. Devemos tirar o chapéu.
Eles querem jogar. Eu aceitei o desafio porque achava que a equipe
precisava de alguém disposto. Se
o Brasil perder, cairá com jogadores lutando dentro de quadra."
O novo capitão, no entanto,
também crê que a maior pressão
será política. Não só sobre os atletas. "Sei que muitos vão hostilizá-los. Muitos vão se surpreender
com a minha decisão. Mas quem é
vivo, tem um coração que bate,
não é pressionado pela vida?"
Kirmayr começa a comandar a
equipe no domingo, quando todos se encontram em Brasília.
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