São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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FUTEBOL

"Onde estão os velhinhos?!"

MARCO BIANCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Falemos desta desagradável entidade chamada International Board. O que explicaria a falta de neurônios dos membros deste órgão que, entre outras coisas, há décadas mantêm uma regra chamada impedimento que às vezes nem o tira-teima é capaz de marcar com precisão?!
O que impediria esses microcéfalos anônimos (até hoje, não conheço ninguém que conheça alguém que, de alguma forma, seja ligado a qualquer um que tenha tido, um dia sequer, qualquer tipo de contato com um integrante ou parente de integrante da International Board) de notar que o antijogo põe em risco as maiores riquezas do futebol mundial, que são os craques e o espetáculo?!
O que justificaria a não-adoção de uma solução primária, como a do spray para posicionar a barreira, em todo o mundo?! Por que esse medo de mudar as regras?! Por que ser bundão?! Por que censurar a tecnologia da TV para esclarecer lances duvidosos nas partidas?! (Uns dizem que tiraria a magia do jogo, outros que o esporte é mundial e países como Zâmbia não teriam como adotar os recursos tecnológicos escolhidos; a verdade é que querem que as decisões do jogo sejam subjetivas a ponto de permitir que tudo se defina no tapetão e nos gabinetes de cartolas.) E, por último, até quando a International continuará sendo uma caixa-preta-forte imune à participação de quem a sustenta, ou seja, do torcedor?! Com todo respeito, que p... de relacionamento é esse, em que um só manda e o outro só obedece?! O fato é que o torcedor precisa parar de ser corno manso!
Corno manso que lê o noticiário esportivo nos jornais, acompanha pela TV, compra camisa, faixa, boné e paga ingresso caro para presenciar um evento muito mal organizado! Porque precisa ter muita vontade de ir ao campo para pegar três horas de trânsito em um ônibus lotado ou ser assaltado por um desses guardadores de carro que exigem dinheiro para não guardar os bens alheios! Mas o corno resiste, reza para não encontrar nenhum torcedor rival assassino no caminho e finalmente senta o traseiro em um cimentão duro e áspero, pouco recomendável para quem tem hemorróidas. Não sem antes passar pelo banheiro e desistir de usá-lo após ver que o nojento local foi transformado numa lagoa amarela. E ainda assim o corno segue manso... O jeito é pensar em coisa boa, no belo futebol que seu time vai jogar... A não ser que você torça para Paraná, Grêmio, Guarani...
Enfim, o buraco é mais embaixo, mais em cima e mais dos lados... Mas o negócio é ser otimista. Afinal, fora a International Board, a Fifa, a CBD*, os dirigentes brasileiros, os clubes e os estádios, a coisa vai bem. Além disso, a temporada de hóquei sobre o gelo já está chegando na área e logo logo tem também mais um empolgante torneio com a participação do Guga. Ou não.

* Não foi um erro de digitação, a sigla antiga é um protesto para mostrar que o tempo não passa no futebol brasileiro

Ruivinho Branquelo
Pobre Ruivinho. Nunca ninguém pagou um preço tão caro por não ser o melhor do mundo em uma modalidade esportiva. E, além de Ruivinho, é Branquelo o coitado!

Pelada
A diferença entre o nosso calendário e o de uma borracharia é que, no calendário de borracharia, a pelada é melhor! Pudera, montar um calendário é tão difícil quanto encaixar triângulos, círculos e quadradinhos naqueles brinquedos para bebês de 0 a 6 meses.

O bonde andando
Além das transferências de atletas no meio do torneio, é preciso limitar as compras atrasadas. Senão é trocar o pneu com o carro em movimento.

E-mail marcobianchi@uol.com.br


Marco Bianchi, 32, é apresentador do "Rockgol de Domingo", na MTV, e criador do programa "Filhos do Egídio", na 89 FM, de São Paulo

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