São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

pune

Cocaína rende pena máxima de dois anos para Jobson, mas demora no processo ajuda atacante

NELSON BARROS NETO
DE SÃO PAULO

O atacante Jobson, 23, um dos destaques da primeira metade do Campeonato Brasileiro, está suspenso do futebol até 6 de março de 2012.
Dispensado do Bahia há três semanas após seguidos episódios de indisciplina, o jogador que tem contrato até 2015 com o Botafogo pegou pena máxima, ontem, em seu processo na Corte de Arbitragem do Esporte por uso de cocaína em duas partidas na reta final do Nacional de 2009.
Em audiência, Jobson declarou ter fumado crack.
A Wada (Agência Mundial Antidoping) não aceitou a punição de seis meses imposta pelo tribunal esportivo do Brasil, levou o caso à Suíça, pediu dois anos e conseguiu.
Mas Jobson só vai cumprir metade. E a explicação na sentença de 42 páginas enviada aos advogados do atleta é técnica. Culpa da demora em que transcorreu o processo.
Baseada em precedente aberto no julgamento do também atacante Dodô, em 2007, a defesa solicitou o chamado critério de cálculo específico da punição, medida que terminou acatada pela Wada.
"Nele, é deduzido o tempo percorrido desde a data de coleta, e a corte entendeu ter havido cerca de um ano entre trâmites burocráticos, sem culpa do jogador", afirma Marcos Motta, um dos quatro advogados de defesa.
A Fifa precisou de dois meses para traduzir a decisão brasileira, enquanto a Wada aguardou o dobro de tempo antes de recorrer.
O próprio anúncio do resultado se estendeu, contando com quatro adiamentos desde a audiência na cidade de Lausanne, em junho, para irritação dos defensores.
"Ninguém aguenta mais. É uma falta de respeito com a gente e, principalmente, com o atleta. Já quero que saia qualquer sentença, seja ela qual for", chegou a afirmar à Folha um dos advogados, ontem pela manhã. A definição aconteceu no início da tarde.
Segundo o publicado, a pena foi considerada a partir de 6 de setembro de 2010. Como Jobson já cumpriu seis meses, o retorno aos gramados será um semestre antes.
"Não existia o risco de banimento [do esporte]. Chegou-se a cogitar a hipótese, mas logo foi afastada. Tanto que a Wada, quando recorreu, pediu dois anos", acrescenta Carlos Portinho, que faz parte do quarteto de defesa.
Jobson vinha esperando a notícia em Conceição do Araguaia, no Pará, onde nasceu. Na semana passada, envolveu-se num acidente em que duas pessoas foram atropeladas. O carro era dele, mas um amigo garantiu que dirigia o veículo. Prestou socorro e foi liberado pela polícia.
Pretendido por clubes da Série B, já que fez mais de sete partidas na primeira divisão, esteve próximo de assinar com o Grêmio Barueri.
Os atenuantes fizeram com que todos comemorassem o resultado. Apesar disso, ao ser procurado pela Folha, o atacante se limitou a dizer: "Não achei nada, não".


Texto Anterior: Trata
Próximo Texto: Prazo para licitações é afrouxado
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.