São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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Brasileiro bate o pé pelo país vizinho

ARGENTINA Ex-atleta do Santa Cruz recusa ofertas para ficar em San Juan

MARTÍN FERNANDEZ
ENVIADO ESPECIAL A CÓRDOBA

"Hola", atende Roberval da Conceição, 26, único jogador brasileiro a atuar na primeira divisão da Argentina. "Quase não falo mais português. Misturo as palavras", disse o jogador, que há três anos trocou Recife -jogava no Santa Cruz- pelo San Martín, clube de San Juan, cidade de 115 mil pessoas.
Tempo suficiente para trocar o português pelo espanhol, criar raízes, casar com uma argentina, ter uma filha argentina e virar ídolo.
"Não queria vir, não sabia o que encontraria", disse o atacante à Folha, por telefone, de uma cama de hospital de San Juan. Havia acabado de operar o pé, fraturado no jogo em que seu time perdeu para o Boca Juniors por 1 a 0, em Buenos Aires, domingo.
A maior dificuldade na adaptação foi em campo. "Aqui na Argentina, pega-se muito, é muito choque, tem muito xingamento", disse o atleta de 1,74 m. "Os times tentam muitos cruzamentos, toda bola é levantada na área, demorei para me acostumar."
Depois da primeira temporada no San Martín, Roberval foi emprestado por um ano ao Audax Italiano, do Chile, e voltou. "Fui bem tratado por todos, mas não tive a mesma alegria de jogar que sinto aqui em San Juan", disse.
No ano passado, foi decisivo para ajudar o clube a voltar à primeira divisão.
"Tudo o que eu não tive no Brasil eu consegui aqui", afirmou. "Ganhava R$ 1.500 no Santa Cruz, aqui ganho R$ 20 mil. E tenho o carinho de todos, do cara que limpa o campo ao presidente do clube."
Roberval ainda tem o sonho de voltar a jogar no Santa Cruz, mas antes quer "ficar muitos anos" no San Martín.
Recentemente, recusou proposta do San Lorenzo, considerado um dos clubes grandes de Buenos Aires. "Teria de disputar posição, preferi receber um aumento e ficar aqui." Também recebeu uma oferta para atuar no futebol ucraniano, mas não quis deixar a Argentina.
Agora, só quer se curar da lesão (o prazo de recuperação é de três meses), manter o San Martín na primeira divisão e "dar alegria à toda a gente de San Juan".
Roberval aceitaria um convite para jogar pela seleção argentina. "Sou muito reconhecido aqui, seria uma honra", declarou o jogador.
Mas confessa que, ontem à noite, torceria pelo Brasil no jogo que envolveu as seleções dos dois países, em Córdoba, e que aconteceria após o fechamento desta edição.


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