São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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BOXE

Por amor ao bolso

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que soube que um dos favoritos para enfrentar Popó em seu retorno aos ringues era Yuri Romanov, informação confirmada ontem por esta Folha, fiquei pensando qual o motivo de o baiano selecionar justamente o segundo do ranking para isso.
Afinal, hoje é costume os pugilistas retornarem contra oponentes de qualidade questionável após derrotas ou longos hiatos.
Alguém se lembra de Mike Tyson x Peter McNeeley, em 99?
Aquilo teve como objetivo maior recuperar o psicológico de "Iron" Mike. Além de tirar o dinheiro do telespectador que assistiu a farsa via pay-per-view.
Perguntei ao promotor do brasileiro, Arthur Pelullo, sobre qual o motivo da seleção de Romanov.
"É uma boa luta [para Popó]. Freitas vai vencê-lo", justificou o empresário norte-americano.
Concordo que o brasileiro deve derrotar Romanov sem dificuldades, porém, o pugilista de Belarus já aprontou algumas surpresas.
Nocauteou o britânico Bobby Vanzie, há até pouco tempo ranqueado pela OMB, em oito assaltos, em janeiro do ano passado.
Acumula os títulos juvenil dos leves do CMB, juvenil dos meio-médios-ligeiros da FIB e o intercontinental dos leves da OMB.
Ou seja, Romanov pode não ser um "matador", mas, analisando o caso do ponto de vista de sua equipe, poderia haver rivais mais fáceis para o retorno de Popó.
Por isso, insisti para que Pelullo me explicasse a seleção de Romanov. Ele repetiu o argumento.
Em um terceiro diálogo, argumentei que, se Popó "sentasse" sobre sua atual primeira colocação no ranking, teria eventualmente nova chance de lutar com Diego "Chico" Corrales. Então, por que arriscar tudo contra Romanov?
Além disso, prossegui, havia apurado a existência de contrato assinado diretamente entre Pelullo e Gary Shaw, promotor de Corrales, prevendo revanche entre o brasileiro e o norte-americano, em caso de derrota de Popó.
Ou seja, é tudo somente uma questão de tempo, apontei. Mas Pelullo não alterou seu discurso.
Após mais alguns telefonemas, finalmente apurei o motivo da insistência no nome de Romanov.
Segundo contrato assinado pelo time de Popó com Shaw, o esquema de divisão de bolsas para a revanche com Corrales, dependerá do status do lutador brasileiro.
Se subir ao ringue como um desafiante regular, sua bolsa será uma. Porém caso enfrente Corrales como desafiante obrigatório, Popó embolsará bem mais: receberá a mesma bolsa do campeão.
É esse status que a OMB promete conferir a quem emergir vencedor da eliminatória entre Popó, 29, e Romanov, 20. Agora sim, a insistência em Romanov passou a fazer todo o sentido do mundo.
Assim, o combate, que acontecerá em 11 de dezembro, no Brasil, ganhou o pomposo título de "box offs" (eliminatória) e terá previsão para 12 assaltos. Isso facilitará a promoção -envolvidos na empreitada temiam que Popó pegasse um pangaré qualquer, o que acabaria por afugentar o público.
Mas, por outro lado, o psicológico de Popó não terá o luxo de um retorno um pouco mais fácil, como o de Tyson, por exemplo.

Bolsa de apostas 1
As casas de jogo apontam favoritismo de 9 por 5 nas bolsas de apostas do campeão mundial dos médios-ligeiros, Winky Wright, sobre Shane Mosley para sua revanche em 20 de novembro.

Bolsa de apostas 2
Outro campeão mundial, o da categoria dos meio-médios-ligeiros, o russo Kostya Tszyu, tem a vantagem, em menor proporção, 2,5 por 1, para manter o cinturão em uma outra revanche, contra o norte-americano ex-campeão Shar'mba Mitchell, no dia 6 de novembro.

Bolsa de apostas 3
E caso Floyd "Pretty Boy" Mayweather venha a pegar Arturo "Thunder" Gatti, será favorito em 3 por 1 para bater o célebre veterano.

E-mail eohata@folhasp.com.br

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