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BOXE
Por amor ao bolso
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que soube que um dos
favoritos para enfrentar Popó em seu retorno aos ringues era
Yuri Romanov, informação confirmada ontem por esta Folha, fiquei pensando qual o motivo de o
baiano selecionar justamente o
segundo do ranking para isso.
Afinal, hoje é costume os pugilistas retornarem contra oponentes de qualidade questionável
após derrotas ou longos hiatos.
Alguém se lembra de Mike
Tyson x Peter McNeeley, em 99?
Aquilo teve como objetivo
maior recuperar o psicológico de
"Iron" Mike. Além de tirar o dinheiro do telespectador que assistiu a farsa via pay-per-view.
Perguntei ao promotor do brasileiro, Arthur Pelullo, sobre qual
o motivo da seleção de Romanov.
"É uma boa luta [para Popó].
Freitas vai vencê-lo", justificou o
empresário norte-americano.
Concordo que o brasileiro deve
derrotar Romanov sem dificuldades, porém, o pugilista de Belarus
já aprontou algumas surpresas.
Nocauteou o britânico Bobby
Vanzie, há até pouco tempo ranqueado pela OMB, em oito assaltos, em janeiro do ano passado.
Acumula os títulos juvenil dos
leves do CMB, juvenil dos meio-médios-ligeiros da FIB e o intercontinental dos leves da OMB.
Ou seja, Romanov pode não ser
um "matador", mas, analisando
o caso do ponto de vista de sua
equipe, poderia haver rivais mais
fáceis para o retorno de Popó.
Por isso, insisti para que Pelullo
me explicasse a seleção de Romanov. Ele repetiu o argumento.
Em um terceiro diálogo, argumentei que, se Popó "sentasse" sobre sua atual primeira colocação
no ranking, teria eventualmente
nova chance de lutar com Diego
"Chico" Corrales. Então, por que
arriscar tudo contra Romanov?
Além disso, prossegui, havia
apurado a existência de contrato
assinado diretamente entre Pelullo e Gary Shaw, promotor de Corrales, prevendo revanche entre o
brasileiro e o norte-americano,
em caso de derrota de Popó.
Ou seja, é tudo somente uma
questão de tempo, apontei. Mas
Pelullo não alterou seu discurso.
Após mais alguns telefonemas,
finalmente apurei o motivo da insistência no nome de Romanov.
Segundo contrato assinado pelo
time de Popó com Shaw, o esquema de divisão de bolsas para a revanche com Corrales, dependerá
do status do lutador brasileiro.
Se subir ao ringue como um desafiante regular, sua bolsa será
uma. Porém caso enfrente Corrales como desafiante obrigatório,
Popó embolsará bem mais: receberá a mesma bolsa do campeão.
É esse status que a OMB promete conferir a quem emergir vencedor da eliminatória entre Popó,
29, e Romanov, 20. Agora sim, a
insistência em Romanov passou a
fazer todo o sentido do mundo.
Assim, o combate, que acontecerá em 11 de dezembro, no Brasil,
ganhou o pomposo título de "box
offs" (eliminatória) e terá previsão para 12 assaltos. Isso facilitará
a promoção -envolvidos na empreitada temiam que Popó pegasse um pangaré qualquer, o que
acabaria por afugentar o público.
Mas, por outro lado, o psicológico de Popó não terá o luxo de um
retorno um pouco mais fácil, como o de Tyson, por exemplo.
Bolsa de apostas 1
As casas de jogo apontam favoritismo de 9 por 5 nas bolsas de apostas do campeão mundial dos médios-ligeiros, Winky Wright, sobre
Shane Mosley para sua revanche em 20 de novembro.
Bolsa de apostas 2
Outro campeão mundial, o da categoria dos meio-médios-ligeiros, o
russo Kostya Tszyu, tem a vantagem, em menor proporção, 2,5 por 1,
para manter o cinturão em uma outra revanche, contra o norte-americano ex-campeão Shar'mba Mitchell, no dia 6 de novembro.
Bolsa de apostas 3
E caso Floyd "Pretty Boy" Mayweather venha a pegar Arturo "Thunder" Gatti, será favorito em 3 por 1 para bater o célebre veterano.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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