São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Após título inédito, clube culpa calendário pela queda de rendimento

Atlético-PR repete tombo de campeões no Brasileiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Pródigo em vitimar seus campeões, o futebol brasileiro foi novamente implacável neste ano. E, no domingo, assistirá a uma despedida melancólica: vencedor do último Nacional, o Atlético-PR receberá o Juventude, pela última rodada da primeira fase, sem chances de ir às quartas-de-final.
Mantendo o mesmo grupo que, em 2001, ganhou 19 de seus 31 jogos (aproveitamento de 61,3%) e chegou à conquista inédita do torneio, o clube paranaense agora não chegou perto dessa campanha. Até agora, em 24 partidas, ganhou apenas oito (33,3%).
E, após os jogos de ontem à noite, era só o 16º na classificação geral -apenas os oitos primeiros avançam para a segunda fase.
A situação é nova para os paranaenses, porém já se tornou uma rotina no Brasileiro. Em sete dos últimos dez Nacionais, o vencedor de um ano não chegou à segunda fase no seguinte. Ocorreu com os três últimos campeões: Atlético-PR, Vasco e Corinthians.
Em média, nos últimos dez anos, o campeão brasileiro terminou o torneio seguinte na 10,4ª posição. E esse é um diferencial em relação aos outros países.
No mesmo período, por exemplo, um time que se sagrou campeão inglês terminou a temporada seguinte, na média, como vice.
O Atlético-PR tem uma explicação consensual para o problema: o calendário do futebol no país.
"O principal motivo é o calendário. Fomos campeões no Natal [23 de dezembro de 2001]. Depois disso, os jogadores tiveram só dez dias de folga e já começaram a treinar para a Sul-Minas [o time estreou no dia 20 de janeiro] e para a Libertadores [estreou em 5 de fevereiro]", afirma Alberto Maculan, diretor de futebol do clube.
Lateral-esquerdo da conquista de 2001, Fabiano tem a mesma opinião. "Se o time não fizer uma pré-temporada, no final do ano todos estão esgotados", diz.
Mas a história mostra que o calendário não é o único problema.
Carlos Nujud sentiu essa situação de perto após o título corintiano de 99. No ano seguinte, o time foi apenas o 28º no torneio.
"Naquele ano, começou a saída do HMTF e voltamos ao nosso nível de antes", disse Nujud, que, à época, dirigia o futebol do clube.
Dario, campeão e artilheiro do primeiro Nacional, em 1971, tem outro diagnóstico -no ano seguinte, o Atlético-MG foi o 11º.
"É salto alto. Naquele caso, alguns jogadores se acharam no direito de viver como deuses, começaram a beber, a ir a festas. Na maioria dos clubes, até hoje, acontece isso. A causa mortis é simples: gordurinha localizada."



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