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FUTEBOL
Após título inédito, clube culpa calendário pela queda de rendimento
Atlético-PR repete tombo de campeões no Brasileiro
DA REPORTAGEM LOCAL
Pródigo em vitimar seus campeões, o futebol brasileiro foi novamente implacável neste ano. E,
no domingo, assistirá a uma despedida melancólica: vencedor do
último Nacional, o Atlético-PR
receberá o Juventude, pela última
rodada da primeira fase, sem
chances de ir às quartas-de-final.
Mantendo o mesmo grupo que,
em 2001, ganhou 19 de seus 31 jogos (aproveitamento de 61,3%) e
chegou à conquista inédita do torneio, o clube paranaense agora
não chegou perto dessa campanha. Até agora, em 24 partidas,
ganhou apenas oito (33,3%).
E, após os jogos de ontem à noite, era só o 16º na classificação geral -apenas os oitos primeiros
avançam para a segunda fase.
A situação é nova para os paranaenses, porém já se tornou uma
rotina no Brasileiro. Em sete dos
últimos dez Nacionais, o vencedor de um ano não chegou à segunda fase no seguinte. Ocorreu
com os três últimos campeões:
Atlético-PR, Vasco e Corinthians.
Em média, nos últimos dez
anos, o campeão brasileiro terminou o torneio seguinte na 10,4ª
posição. E esse é um diferencial
em relação aos outros países.
No mesmo período, por exemplo, um time que se sagrou campeão inglês terminou a temporada seguinte, na média, como vice.
O Atlético-PR tem uma explicação consensual para o problema:
o calendário do futebol no país.
"O principal motivo é o calendário. Fomos campeões no Natal
[23 de dezembro de 2001]. Depois
disso, os jogadores tiveram só dez
dias de folga e já começaram a
treinar para a Sul-Minas [o time
estreou no dia 20 de janeiro] e para a Libertadores [estreou em 5 de
fevereiro]", afirma Alberto Maculan, diretor de futebol do clube.
Lateral-esquerdo da conquista
de 2001, Fabiano tem a mesma
opinião. "Se o time não fizer uma
pré-temporada, no final do ano
todos estão esgotados", diz.
Mas a história mostra que o calendário não é o único problema.
Carlos Nujud sentiu essa situação de perto após o título corintiano de 99. No ano seguinte, o time foi apenas o 28º no torneio.
"Naquele ano, começou a saída
do HMTF e voltamos ao nosso nível de antes", disse Nujud, que, à
época, dirigia o futebol do clube.
Dario, campeão e artilheiro do
primeiro Nacional, em 1971, tem
outro diagnóstico -no ano seguinte, o Atlético-MG foi o 11º.
"É salto alto. Naquele caso, alguns jogadores se acharam no direito de viver como deuses, começaram a beber, a ir a festas. Na
maioria dos clubes, até hoje,
acontece isso. A causa mortis é
simples: gordurinha localizada."
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