São Paulo, domingo, 15 de novembro de 2009

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Brasil derrota ingleses até na cabeça

Além de técnica, seleção mostra-se superior fisicamente aos rivais e vence amistoso no Qatar com gol em jogada aérea

Técnico da Inglaterra diz que time nacional é o melhor do mundo também por sua força, e Dunga atribui fato a crescimento da população


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A DOHA

O futebol mudou mesmo. Antes, os ingleses eram os fortes, os bons de cabeça, os reis do contato físico. Os brasileiros eram os magricelos, que colocavam a bola no chão para, com dribles, evitar o choque.
Tudo isso mudou, menos a notória freguesia dos inventores do futebol contra o Brasil.
Em Doha, no Qatar, o time de Dunga venceu a Inglaterra por 1 a 0. Foi a 11ª vitória brasileira no confronto em 23 jogos. São ainda nove empates e apenas três triunfos dos europeus.
No amistoso do Oriente Médio, parecia que os ingleses vestiam amarelo e os brasileiros, branco. Nenhum dos três jogadores ofensivos dos europeus tinha mais de 1,80 m. Do lado brasileiro, o mais "baixinho" do trio que jogou mais à frente era Nilmar, com 1,80 m.
Segundo o Datafolha, o Brasil terminou o jogo com 111 desarmes, contra 98 dos ingleses. Na maioria das divididas, eram os pupilos de Dunga, que ainda fizeram uma falta a mais (13 contra 12), que levavam vantagem.
E, mais irônico, foi o gol da vitória aos 2min do segundo tempo. Foi no jogo aéreo, a tradição secular dos ingleses, que o Brasil venceu. Elano lançou com precisão para Nilmar, na grande aérea, cabecear com estilo, bater o goleiro e abrir o placar.
Enquanto isso, no ataque, os "nanicos" ingleses eram dominados nos cruzamentos pelos grandalhões zagueiros, laterais e volantes brasileiros.
"O Brasil é hoje o melhor time do mundo não só por sua técnica. Mas também porque são muito fortes fisicamente. Essa é a diferença", disse, espantado com a força dos rivais, o italiano Fabio Capello, o técnico da Inglaterra, que não apontou o calor como desculpa pelo fracasso do seu time.
"Os brasileiros estão acostumados com o calor, mas esse time todo joga na Europa".
Dunga, que na sexta-feira se queixou da "acusação" de Capello de ser um adepto do futebol italiano, desta vez concordou com o colega de prancheta.
"Hoje aliamos técnica, tática e condicionamento físico. O futebol acompanhou a população brasileira, que cresceu e hoje é mais alta. Temos agora técnica e força", disse o treinador.
Só que com brasileiros fortes e ingleses fracos, e sem a mesma técnica que os sul-americanos do passado, o jogo em Doha acabou sendo disputado na maior parte do tempo em banho-maria. Até porque, a Inglaterra tinha muitos desfalques, sem Gerrard e Lampard.
O jogo que já era fraco ficou ainda pior quando começaram as rodadas de substituições dos dois lados. Em uma delas, aos 36min, Kaká deu lugar a Júlio Baptista e aumentou para oito o seu jejum de partidas sem balançar as redes, dando sequência a má fase dos dois maiores astros da seleção -como previsto, Robinho não entrou em campo ontem.
A seleção viajou ontem mesmo para Mascate, onde faz, na terça-feira, contra Omã, seu último jogo em 2009. Dunga disse que deve poupar alguns titulares nesse duelo.


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