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Brasil derrota ingleses até na cabeça
Além de técnica, seleção mostra-se superior fisicamente aos rivais e vence amistoso no Qatar com gol em jogada aérea
Técnico da Inglaterra diz que
time nacional é o melhor do
mundo também por sua
força, e Dunga atribui fato a
crescimento da população
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A DOHA
O futebol mudou mesmo.
Antes, os ingleses eram os fortes, os bons de cabeça, os reis do
contato físico. Os brasileiros
eram os magricelos, que colocavam a bola no chão para, com
dribles, evitar o choque.
Tudo isso mudou, menos a
notória freguesia dos inventores do futebol contra o Brasil.
Em Doha, no Qatar, o time de
Dunga venceu a Inglaterra por
1 a 0. Foi a 11ª vitória brasileira
no confronto em 23 jogos. São
ainda nove empates e apenas
três triunfos dos europeus.
No amistoso do Oriente Médio, parecia que os ingleses vestiam amarelo e os brasileiros,
branco. Nenhum dos três jogadores ofensivos dos europeus
tinha mais de 1,80 m. Do lado
brasileiro, o mais "baixinho" do
trio que jogou mais à frente era
Nilmar, com 1,80 m.
Segundo o Datafolha, o Brasil
terminou o jogo com 111 desarmes, contra 98 dos ingleses. Na
maioria das divididas, eram os
pupilos de Dunga, que ainda fizeram uma falta a mais (13 contra 12), que levavam vantagem.
E, mais irônico, foi o gol da vitória aos 2min do segundo tempo. Foi no jogo aéreo, a tradição
secular dos ingleses, que o Brasil venceu. Elano lançou com
precisão para Nilmar, na grande aérea, cabecear com estilo,
bater o goleiro e abrir o placar.
Enquanto isso, no ataque, os
"nanicos" ingleses eram dominados nos cruzamentos pelos
grandalhões zagueiros, laterais
e volantes brasileiros.
"O Brasil é hoje o melhor time do mundo não só por sua
técnica. Mas também porque
são muito fortes fisicamente.
Essa é a diferença", disse, espantado com a força dos rivais,
o italiano Fabio Capello, o técnico da Inglaterra, que não
apontou o calor como desculpa
pelo fracasso do seu time.
"Os brasileiros estão acostumados com o calor, mas esse time todo joga na Europa".
Dunga, que na sexta-feira se
queixou da "acusação" de Capello de ser um adepto do futebol italiano, desta vez concordou com o colega de prancheta.
"Hoje aliamos técnica, tática
e condicionamento físico. O futebol acompanhou a população
brasileira, que cresceu e hoje é
mais alta. Temos agora técnica
e força", disse o treinador.
Só que com brasileiros fortes
e ingleses fracos, e sem a mesma técnica que os sul-americanos do passado, o jogo em Doha
acabou sendo disputado na
maior parte do tempo em banho-maria. Até porque, a Inglaterra tinha muitos desfalques,
sem Gerrard e Lampard.
O jogo que já era fraco ficou
ainda pior quando começaram
as rodadas de substituições dos
dois lados. Em uma delas, aos
36min, Kaká deu lugar a Júlio
Baptista e aumentou para oito
o seu jejum de partidas sem balançar as redes, dando sequência a má fase dos dois maiores
astros da seleção -como previsto, Robinho não entrou em
campo ontem.
A seleção viajou ontem mesmo para Mascate, onde faz, na
terça-feira, contra Omã, seu último jogo em 2009. Dunga disse que deve poupar alguns titulares nesse duelo.
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