São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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INSS suspeita de desvio de dinheiro e investigará os borderôs das finais

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) requisitará os borderôs, boletins financeiros, das partidas envolvendo Corinthians e Santos, pelas finais do Brasileiro, para os dois clubes e para a FPF (Federação Paulista de Futebol).
O instituto notou que a maioria esmagadora dos ingressos para a primeira partida entre os finalistas, domingo, foram anunciados como esgotados. Assim, teriam sido vendidos no total cerca de 75 mil ingressos (as cotas foram divididas igualmente entre as duas equipes envolvidas no jogo).
Porém havia cerca de 15 mil lugares disponíveis no dia do jogo.
Fato semelhante aconteceu na partida semifinal do Brasileiro envolvendo Corinthians e Fluminense no Maracanã. Na véspera já não era mais possível encontrar ingressos, mas o estádio não esteve lotado no dia da partida.
O INSS recolhe 5% do valor de cada ingresso comercializado.
"Realizamos diligências e percebemos que isso vem acontecendo em alguns jogos. O problema é que a mobilização para fiscalizações constantes para coibir tal problema implicariam em custos mais altos do que o dinheiro que estivesse sendo sonegado", explicou à Folha Valdir Moyses Simão, diretor de arrecadação do INSS.
"Há uma lei que obriga as empresas a disponibilizar sistemas e arquivos para a fiscalização. No caso dessas partidas finais, vamos exigir os borderôs aos clubes e à federação paulista", acrescenta.
Segundo Simão, existem duas hipóteses que explicariam tal contradição: ou estão permitindo que torcedores tenham acesso gratuito aos estádios ou estaria acontecendo desvio de recursos.
"O que está acontecendo não tem como finalidade a sonegação. Porém isso acaba sendo uma consequência", concluiu o diretor.
"O INSS vai pedir o borderô? Mas ele é público, não entendo qual é o problema", afirma Antonio Roque Citadini, vice-presidente de futebol corintiano.
A assessoria de imprensa do Corinthians, no entanto, informou que não poderia divulgar informações sobre o borderô porque seu acesso ao documento foi proibido durante a semana.
Ao tomar conhecimento disso, Citadini argumentou que o tema seria responsabilidade do diretor do Corinthians Luís Cesar Granieri, que não foi localizado.
No Santos, o vice-presidente do clube, Norberto Moreira da Silva, inicialmente disse que atenderia a reportagem, mas posteriormente não respondeu a um recado deixado em sua secretária eletrônica.


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