São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Se conseguirem tirar clube da fila, atletas, técnico e até presidente deixarão para trás dramas pessoais e profissionais

Santistas tentam coroar volta por cima

FÁBIO SEIXAS
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

A torcida do Santos se preparou para um dia histórico hoje, na esperança de ver seu time sair da fila de 18 anos e renascer com a conquista do inédito título brasileiro.
E, se tudo der certo, os atletas, o técnico Emerson Leão e até o presidente Marcelo Teixeira irão coroar as suas voltas por cima na carona do ressurgimento do clube.
A equipe que pode quebrar o jejum de um título de expressão está recheada por jogadores que viveram dramas pessoais e profissionais e agora experimentam a sensação de se recuperarem.
Na série de superações está a trajetória do goleiro Fábio Costa, que operou o tornozelo direito há cinco meses e tinha a sua volta ao time praticamente descartada neste ano. "O pessoal acreditava que só pudesse voltar na pré-temporada de 2003, mas agora posso viver esse momento importante para o clube", disse ele.
O lateral-direito Michel, que disputa uma vaga no time hoje com Maurinho, também pode coroar uma virada em sua vida.
Em maio deste ano, ele foi suspenso por quatro meses por ter sido pego no antidoping após a vitória por 3 a 2 sobre o São Paulo, no Rio-SP. Seu exame deu positivo para maconha, e ele temeu o fim prematuro de sua carreira.
"Se estivesse em outro clube, talvez nunca mais voltasse a jogar, mas o Santos me apoiou. Fui discriminado pelas pessoas na rua e hoje já me sinto um vencedor."
Michel voltou como reserva, mas atuou no primeiro jogo da decisão por causa da suspensão de Maurinho. Considerado um dos principais responsáveis por anular o forte setor esquerdo corintiano, tem boas chances de começar jogando na finalíssima.
O zagueiro André Luís é outro representante dessa legião que superou o inferno astral. Em 2001, caiu em desgraça após perder uma disputa de bola com o corintiano Gil. Em seguida, Ricardinho, hoje no São Paulo, marcou, aos 48min do segundo tempo, o gol que colocou o Corinthians na final do Paulista daquele ano e eliminou o Santos da competição.
Escorraçado da Vila Belmiro, ele foi emprestado ao Fluminense e fez os dois gols da vitória do time carioca sobre o Santos, por 2 a 1, no Nacional do ano passado. "Devo muito ao [técnico] Oswaldo de Oliveira, que me deu muito carinho nos tempos de Fluminense."
Na atual edição da competição, ele ganhou a confiança de Leão e se firmou como titular com Alex.
Outra reviravolta aconteceu com Alberto. Depois de rodar de clube em clube, entre eles o Palmeiras, o atacante encontrou espaço no Santos, mesmo com as jovens revelações Diego e Robinho. Alberto é o artilheiro da equipe no Nacional, com 12 gols.
Ele marcou um na vitória de domingo passado e não jogará hoje por estar suspenso, mas tem presença assegurada no Morumbi. "Para mim, foi o ano da virada. Tenho competência, mas nunca tinha recebido uma chance."
Enquanto os jogadores falam abertamente em festejar a volta por cima, Leão nega que experimente um sentimento parecido. "Para dar a volta por cima, você precisa estar por cima. Sou bastante exigente. Acho que um jogador só está por cima depois de atuar muito bem por cinco anos num clube grande", declarou.
Porém, ao levar a jovem equipe santista à final, após a diretoria temer o rebaixamento no início da competição, ele recuperou prestígio. Antes do Santos, ele estava em baixa, demitido pela CBF após fracassar com a seleção brasileira na Copa das Confederações.
Na cúpula do Santos, o presidente Marcelo Teixeira também pode comemorar uma vitória pessoal. Depois de fracassar na tentativa de quebrar o jejum com times milionários, ele busca a consagração com um elenco que custou pouco ao clube. O gasto mensal com salários de jogadores é de cerca de R$ 300 mil -no Corinthians, a despesa mensal com o futebol chega a R$ 1 milhão.


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