São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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Nery falta e expõe início conturbado no Corinthians

Sumiço do lateral-esquerdo obriga Leão a improvisar nas duas laterais na antevéspera da estréia do time no Paulista

Após uma derrota eleitoral inédita, presidente tem que apagar incêndio pelo atraso de salários e ainda espera o desfecho da novela Nilmar

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A dois dias da estréia no Paulista, o Corinthians encarou ontem mais um revés neste início de temporada: o lateral-esquerdo Gustavo Nery não apareceu no Parque São Jorge.
O contratempo é a oitava derrota do clube fora do campo nos últimos oito dias e ilustra que a situação em 2007 não está muito mais calma do que aquela enfrentada pelo time alvinegro na temporada passada.
No fim da tarde de ontem, o Corinthians divulgou uma nota oficial informando que foi procurado pelo agente de Nery, que negocia sua saída do clube -razão pela qual faltou ontem. De acordo com o texto, o diretor de futebol, Edvar Simões, disse que a atitude do jogador será considerada como falta.
A ausência do atleta, cujo afastamento da partida de estréia no Estadual amanhã contra a Ponte Preta é dada como certa por cartolas do clube, minou o esquema que Leão vinha usando na pré-temporada.
A permanência no interior paulista, aliás, terminou no sábado passado, antes da data inicialmente prevista, e sem que justificativas fossem alegadas.
Único especialista da posição no elenco desde a saída de César, Nery teve sua vaga na esquerda ocupada por Édson, que é lateral-direito de origem e viu sua função ser exercida por um improvisado Bruno Octávio (volante) no coletivo de ontem.
Nery foi o segundo titular que o time perdeu nos últimos cinco dias. Na semana passada, após Leão ter afirmado que escalaria o atacante Nilmar como titular contra a Ponte, o estafe do jogador foi "resgatá-lo" da concentração em Jarinu (a 71 km da capital paulista).
Nem o fato de o clube ter trocado de advogado no caso sobre o atacante, que tramita na Fifa, motivou o retorno de Nilmar aos treinos de ontem.
Agora, além do caso deste jogador, o presidente Alberto Dualib terá que dar uma solução ao episódio de Nery, que, no ano passado, também alegou estar em negociação com o futebol europeu (turco, na ocasião), para desfalcar a equipe.
Não é o melhor momento político para o dirigente, que digere sua primeira derrota eleitoral no Corinthians desde que assumiu o cargo, em 1993.
Anteontem, liderada pelo ex-aliado Andrés Sanchez, a oposição emplacou cem conselheiros ao derrotar a chapa de Dualib -que, na campanha, perdera o direito de veicular uma peça publicitária na TV Globo.
Não bastassem essas dificuldades, o Corinthians ainda tem pela frente um outro problema, o atraso de salários do elenco.
Na segunda-feira passada, o volante Marcelo Mattos foi o primeiro a se manifestar publicamente sobre os atrasos. Dias mais tarde, o atacante Amoroso, em entrevista à Folha, defendeu a criação de uma comissão de jogadores para negociar pendências com a direção.
Ontem, o volante Magrão minimizou os atrasos e disse confiar nos pagamentos. Ele repetiu que tem interesse em ficar e que espera um desfecho favorável nas negociações entre o Corinthians e o Yokohama Marinos, clube japonês que tem um crédito a receber dos brasileiros pelo empréstimo.
Magrão, que aplicou uma cotovelada no meia Daniel e depois pediu desculpas ontem, falou também que o elenco tenta ficar focado só no aspecto esportivo e que a conturbada situação extracampo não influencia a motivação do elenco para a estréia no Paulista.
Para Édson, que afirmou preferir atuar na sua posição de origem, mas disse ter vontade de ajudar o Corinthians da forma necessária, o atraso nos pagamentos ainda não é crítico. Indagado sobre dificuldades financeiras, ele disse contar com algumas economias.


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