São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
TOSTÃO Mentiras coletivas
O SER HUMANO, para sobreviver e construir a civilização, teve de reprimir, negar e sublimar seus instintos e vários desejos. Para isso, pagou um preço, como mostrou Freud em um de seus melhores livros, "O Mal-Estar na Civilização". Hoje, o mal-estar é ainda maior. O ser humano costuma também fingir e mentir por hábito, necessidade, compulsão ou sem-vergonhice. Todos os anos, governantes, principalmente os de países mais ricos, se fingem de anjos e se reúnem para discutir os gravíssimos problemas da fome, ambientais, de aumento da temperatura do planeta e outros. Nada fazem para valer. Todos os anos, especialistas mostram as soluções técnicas para prevenir os gravíssimos problemas ocasionados pelas chuvas, e as autoridades sobrevoam as áreas das tragédias. Nada fazem para valer. No futebol, dirigentes e investidores do Flamengo fingem que contrataram o melhor do mundo. Torcedores eufóricos e iludidos acham que agora o time ganha tudo. Marqueteiros promovem um produto que não mais existe. Parte da imprensa trata a contratação de Ronaldinho como se fosse a de Romário, quando ele deixou o Barcelona para o Flamengo com o título de melhor jogador do planeta. Desde a Copa de 2006, Ronaldinho é um jogador de dois passes excepcionais e um ou outro drible espetacular, sem sair do lugar. Para os grandes times da Europa, é muito pouco. Desistiram dele. Será suficiente para o Flamengo e para o futebol que se joga no Brasil? No Milan, quando o técnico era Leonardo, Ronaldinho ensaiou uma grande recuperação, mas logo a chama se apagou. A dedicação, a disciplina, a renúncia a muitos prazeres e, principalmente, a consciência do mundo que o cerca, condições necessárias para um craque se manter em forma por um longo tempo, são incompatíveis com a vida de celebridade e de riqueza. Há exceções. Messi, Iniesta e Xavi, como disse Casagrande, no Arena Sportv, além de craques, são pessoas normais. Ronaldinho parece uma mercadoria, um boneco guiado por controle remoto, que sorri e fala sempre a mesma coisa e com a mesma cara. Ronaldinho não é Ronaldo. O torcedor do Corinthians, honrado em ter na equipe um dos maiores jogadores da história, aplaudiu Ronaldo, mesmo sem jogar ou jogando mal. O flamenguista não vai fazer o mesmo. Quer títulos. Ronaldinho não tem o carisma e o prestígio de Ronaldo. Terá de ser excepcional. Ronaldinho, acorde! Texto Anterior: Foco: Equipe da Bahia aposta em dupla treinada por Mourinho Próximo Texto: Desfalcado, Santos vence fácil em Lins Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |