São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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AÇÃO

A gelada do vulcão

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Embora o Everest seja a maior montanha do mundo, fica com o K2 a fama de "a mais perigosa". Existem alpinistas extremamente experientes e talentosos que já domaram os 8.848 m do Everest algumas vezes, mas que continuam tentando conquistar os temíveis e íngremes 8.611 m do K2 (as duas montanhas ficam na cordilheira do Himalaia, na Ásia).
A mesma relação vale para corridas de aventura: embora o Raid Gauloise seja a mais clássica e longa e represente o Mundial da categoria, fica com o Desafio dos Vulcões o título de "a mais perigosa corrida de aventura do mundo", rótulo que, para uma prova de rali humano, vem a calhar. No dia 29 de janeiro, no Chile, 50 equipes (de quatro integrantes, sendo um obrigatoriamente do sexo oposto) partiram para 600 quilômetros de perrengue na Patagônia. Era a sexta edição do anual Desafio de los Volcanes, disputa que faria, mais uma vez, justiça à fama da competição.
Além do ambiente inóspito -cenário obrigatório para qualquer corrida de aventura-, terreno vulcânico, neve, solo acidentado e uma amplitude climática que pode fazer com que a temperatura durante o dia seja de 35C e caia para 0C fazem com que o Volcanes seja a mais temida das corridas de aventura. Mas não é só de requintes de crueldade que se faz a fama da competição: o fato de escalar um vulcão e de ser uma prova que começa no Chile e acaba na Argentina conferem ao desafio um tipo de glamour que outras provas do gênero não têm.
Neste ano, um trecho de trekking e orientação de 90 quilômetros, em aclive, rumo ao topo do vulcão, foi o que separou o joio do trigo. As equipes que conseguiram domar o trajeto (que é alterado todos os anos) o fizeram em 25 horas. Só que a maioria delas não completou antes da 40ª hora. E, durante esse tempo, sono, exaustão, fome, cãibras e hipotermia foram uma constante.
Mas o episódio mais dramático teve como palco um lago gelado. Uma equipe argentina, remando com seus caiaques à noite, foi surpreendida por ventos fortes e acabou na água. Em um primeiro momento, a intenção era apenas salvar o equipamento, mas eles logo perceberam que, dada a temperatura da água, deveriam se preocupar em salvar a própria vida. E, então, começou uma luta desesperada para chegar à terra firme, a nado, antes de congelar.
Longe de qualquer posto de controle e, portanto, de qualquer possibilidade de resgate, um dos integrantes conseguiu chegar à margem e, nessa hora, pedir ajuda a uma equipe americana que por ali passava. Foram retirados da água com níveis avançados de hipotermia. Além da navegação e do trekking, mountain bike e técnicas de alpinismo fizeram parte do menu de atividades.
No final, das 50 equipes, 33 conseguiram completar esse que foi considerado o mais penoso desafio dos vulcões de todos os tempos. Das cinco equipes brasileiras inscritas, a Kailash Trópicos, 15ª, foi a mais bem classificada. A argentina Antibalas venceu com o tempo de 3 dias, 13 horas e 5 minutos.

Snowboard half pipe
Único atleta a conquistar medalhas no skate e no snowboard nos X-Games, o americano Shawn White, com uma rotina impecável, venceu a prova da pista em "U" também nos Jogos de Inverno de Turim.

Corredeira artificial
Com a presença do francês Jean Michel Prona, da Federação Internacional de Canoagem, o canal de Águas Bravas na Itaipu Binacional foi oficializado como pista apta a receber provas internacionais.

De Noronha para o Santinho
A 23ª edição do Hang Loose Pro Contest acabou no domingo com a vitória de Jean da Silva sobre Gabe Kling (EUA). E, anteontem, o Mundial de WQS já estava no Costão do Santinho (SC).

E-mail sarli@trip.com.br


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