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AÇÃO
A gelada do vulcão
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Embora o Everest seja a
maior montanha do mundo,
fica com o K2 a fama de "a mais
perigosa". Existem alpinistas extremamente experientes e talentosos que já domaram os 8.848 m
do Everest algumas vezes, mas
que continuam tentando conquistar os temíveis e íngremes
8.611 m do K2 (as duas montanhas ficam na cordilheira do Himalaia, na Ásia).
A mesma relação vale para corridas de aventura: embora o Raid
Gauloise seja a mais clássica e
longa e represente o Mundial da
categoria, fica com o Desafio dos
Vulcões o título de "a mais perigosa corrida de aventura do
mundo", rótulo que, para uma
prova de rali humano, vem a calhar. No dia 29 de janeiro, no Chile, 50 equipes (de quatro integrantes, sendo um obrigatoriamente do sexo oposto) partiram
para 600 quilômetros de perrengue na Patagônia. Era a sexta
edição do anual Desafio de los
Volcanes, disputa que faria, mais
uma vez, justiça à fama da competição.
Além do ambiente inóspito
-cenário obrigatório para qualquer corrida de aventura-, terreno vulcânico, neve, solo acidentado e uma amplitude climática
que pode fazer com que a temperatura durante o dia seja de 35C
e caia para 0C fazem com que o
Volcanes seja a mais temida das
corridas de aventura. Mas não é
só de requintes de crueldade que
se faz a fama da competição: o fato de escalar um vulcão e de ser
uma prova que começa no Chile e
acaba na Argentina conferem ao
desafio um tipo de glamour que
outras provas do gênero não têm.
Neste ano, um trecho de trekking e orientação de 90 quilômetros, em aclive, rumo ao topo do
vulcão, foi o que separou o joio do
trigo. As equipes que conseguiram domar o trajeto (que é alterado todos os anos) o fizeram em
25 horas. Só que a maioria delas
não completou antes da 40ª hora.
E, durante esse tempo, sono,
exaustão, fome, cãibras e hipotermia foram uma constante.
Mas o episódio mais dramático
teve como palco um lago gelado.
Uma equipe argentina, remando
com seus caiaques à noite, foi surpreendida por ventos fortes e acabou na água. Em um primeiro
momento, a intenção era apenas
salvar o equipamento, mas eles
logo perceberam que, dada a temperatura da água, deveriam se
preocupar em salvar a própria vida. E, então, começou uma luta
desesperada para chegar à terra
firme, a nado, antes de congelar.
Longe de qualquer posto de
controle e, portanto, de qualquer
possibilidade de resgate, um dos
integrantes conseguiu chegar à
margem e, nessa hora, pedir ajuda a uma equipe americana que
por ali passava. Foram retirados
da água com níveis avançados de
hipotermia. Além da navegação e
do trekking, mountain bike e técnicas de alpinismo fizeram parte
do menu de atividades.
No final, das 50 equipes, 33 conseguiram completar esse que foi
considerado o mais penoso desafio dos vulcões de todos os tempos.
Das cinco equipes brasileiras inscritas, a Kailash Trópicos, 15ª, foi
a mais bem classificada. A argentina Antibalas venceu com o tempo de 3 dias, 13 horas e 5 minutos.
Snowboard half pipe
Único atleta a conquistar medalhas no skate e no snowboard nos X-Games, o americano Shawn White, com uma rotina impecável, venceu a prova da pista em "U" também nos Jogos de Inverno de Turim.
Corredeira artificial
Com a presença do francês Jean Michel Prona, da Federação Internacional de Canoagem, o canal de Águas Bravas na Itaipu Binacional
foi oficializado como pista apta a receber provas internacionais.
De Noronha para o Santinho
A 23ª edição do Hang Loose Pro Contest acabou no domingo com a
vitória de Jean da Silva sobre Gabe Kling (EUA). E, anteontem, o
Mundial de WQS já estava no Costão do Santinho (SC).
E-mail sarli@trip.com.br
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