São Paulo, sábado, 16 de abril de 2005

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O PERSONAGEM 1

Aposentado se revolta e "ataca" oficial de Justiça

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A primeira pessoa a se revoltar com a saída do argentino Leandro Desábato, 26, da cadeia do 13º Distrito Policial, na Casa Verde (zona norte), foi um homem com ascendência africana.
Israel Laércio André, que, apesar dos 64 anos, demonstrava muita virilidade nos seus 1,80 m, chamou a atenção das pessoas que estavam perto da delegacia ao "roubar" temporariamente um documento que estava com Taís Castelli, oficial de Justiça. Posteriormente, ela recuperou o papel -a representante judicial não quis dar entrevista aos jornalistas.
Pouco antes, a oficial havia entregado o alvará de soltura que dava liberdade provisória ao atleta argentino, indiciado por injúria qualificada.
"Até segurei um tempo o papel das mãos da mulher, mas não consegui fugir com ele, o que é uma pena", declarou, revoltado, André. "Minha intenção era correr com o documento só para que o argentino continuasse mais tempo preso. Ele não pode ser solto, pois cometeu um crime de racismo."
Apesar da tentativa do aposentado, seu gesto seria em vão, pois a oficial de Justiça já havia deixado o documento que dava liberdade a Desábato nas mãos do delegado Ítalo Miranda.
O aposentado deixara sua casa logo depois de ver pela televisão que o zagueiro argentino estava detido na delegacia da Casa Verde.
"Não podemos aceitar que um estrangeiro, ou qualquer outra pessoa, até brasileiro, ofenda alguém com insultos racistas", disse André, que afirma não pertencer a nenhuma comunidade de direitos negros. "Eu sou negro. Já represento a minha raça", concluiu. (KT)


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