COLABORAÇÃO PARA FOLHA

O argentino Leandro Desábato pediu para telefonar para a família assim que chegou ao 13º Distrito Policial, mas o delegado titular do local, Ítalo Miranda Júnior, não permitiu. "Qualquer preso tem seus direitos suspensos. Desábato é um preso como qualquer outro", afirmou o delegado, que, entretanto, permitiu a visita dos advogados do zagueiro.
Os parentes dele também teriam aval para encontrá-lo na delegacia caso estivessem no Brasil.
Sua mulher, Luisina Priotti, 26, está grávida -o filho é esperado para junho. Ela mora em Cafferatta, onde os dois nasceram. Anteontem, ela reclamou por não conseguir contato com o marido.
"Aqui não é um hotel cinco estrelas, é uma cadeia", declarou o delegado, que afirmou que Desábato foi para uma cela especial e ficou sozinho para evitar o risco de sofrer agressão.
Desábato foi transferido para o 13º Distrito Policial às 17h55 de anteontem, por questões de segurança e estrutura. Ao sair do Morumbi, na noite de quarta, fora levado para o 34º Distrito Policial, onde entrou à 0h54 de quinta.
"Ele não tem curso superior, mas, se fosse para um complexo penitenciário, poderia apanhar de algum preso por conta do que está sendo acusado [ofensas racistas]", afirmou Miranda Júnior.
O 13º Distrito Policial abriga presos como o juiz João Carlos da Rocha Mattos, condenado após irregularidades detectadas na Operação Anaconda, e o médico Jorge Farah, acusado de ter matado uma mulher. Segundo Miranda Júnior, a cela em que ficou Desábato tinha dois metros quadrados e um banheiro.
Enquanto esteve preso, o atleta não tomou banho -foi ao chuveiro somente ao chegar ao hotel em que a delegação do Quilmes ficou hospedada.
"No 34º DP não tinha chuveiro e no 13º DP ele não quis tomar banho porque teria que ter contato com os outros presos", disse o advogado Cristiano Maronna.
Desábato tem desde garoto o apelido de "El Chavo", em alusão ao personagem do seriado que no Brasil é chamado de "Chaves", personagem conhecido por não gostar muito de tomar banho.
"Ele não quis tomar banho e muito menos comer a marmita. Comeu um lanche que foi dado pelos membros do clube argentino e frutas", disse Miranda Júnior. Desábato, que chegou chorando ao 13º DP após ser transferido, dormiu em cela com colchão. (KLEBER TOMAZ)


Texto Anterior: Zagueiro argentino deixa Brasil e diz levar marcas das algemas
Próximo Texto: O personagem 1: Aposentado se revolta e "ataca" oficial de Justiça
Índice