São Paulo, domingo, 16 de abril de 2006

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TÊNIS

Altura das tenistas de elite cresce 11 cm em três décadas e faz especialistas preverem mulheres maiores do que homens

Quadras viram habitat de "grandalhonas"

TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você é mulher e mede 1,78 m, saiba: sua estatura é adequada à de uma tenista da elite mundial.
Mas nem sempre foi assim.
Levantamento feito pela Folha mostra que as tenistas de alto nível estão "crescendo" cerca de três centímetros a cada cinco anos.
Em 2000, por exemplo, a estatura média do top 10 feminino era de 1,75 m. A mais alta, na ocasião e ainda hoje, é a norte-americana Lindsay Davenport, com 1,89 m.
Mas apenas ela e a compatriota Venus Williams, 1,85 m, rompiam a barreira do 1,80 m.
Agora, além de Davenport, outras duas atletas exibem passadas largas e longa envergadura: as russas Maria Sharapova, 1,88 m, e Elena Dementieva, 1,80 m.
Nos primórdios do tênis profissional -o ranking mundial foi criado em 1973-, a altura média das tenistas de elite mal passava do 1,70 m. A lendária Billie Jean King, multicampeã dos anos 70 e 80, por exemplo, media 1,64 m.
"As tenistas mais altas são, geralmente, mais agressivas. Pela envergadura, levam vantagem nos saques e nos voleios", afirma Robert Lansdorp, treinador de grandalhonas como Davenport e Sharapova. "As mais baixas levam vantagem no fundo de quadra, pois são mais ágeis. Mas geralmente têm menos força e não conseguem golpear a bola em uma altura em que as maiores conseguem", completa o técnico.
Mas o ápice da estatura feminina, porém, está longe de ser atingido. "A média das dez melhores do mundo deve passar do 1,80 m em mais cinco anos, no máximo", diz Pam Shriver, ex-tenista de 1,83 m que hoje atua como comentarista de TV em alguns torneios.
"A mulher tem se preocupado mais com uma alimentação correta. Com isso, vem crescendo ao longo dos anos. Este é um dado que a gente acompanha", fala Carlos Alves, capitão da equipe brasileira que disputa a Fed Cup, versão feminina da Copa Davis.
Tanto para ele quanto para Shriver, a estatura feminina pode superar a média masculina - hoje de 1,81 m. O mais alto é o croata Ivan Ljubicic, número cinco do mundo, que mede 1,93 m. "Isso vai ocorrer se uma safra de mulheres altas surgir no mesmo período em que tivermos uma proliferação de "tourinhos", como o [David] Ferrer", brinca Shriver, sobre o tenista espanhol que mede 1,76 m e pesa 73 kg.
Se centímetros a mais podem garantir golpes mais eficientes, há um doloroso contraponto: a da debilidade física. A russa Elena Bovina, 23 anos e 1,89 m, é exemplo. "Sofri com dores terríveis nos joelhos, cotovelos e ombros, antes mesmo dos 18 anos", lembra a tenista, número 96 no ranking da WTA. "Desde pequena fui alta, mas meus músculos não eram proporcionais. Sempre precisei cuidar das dores nos músculos e nas articulações. Em alguns casos, acontece uma sobrecarga muito grande no corpo da atleta."
Ela, agora, abusa da envergadura. "Tenho melhorado o top spin [bola golpeada de baixo para cima, subindo bastante], aproveitando meus braços longos."
A mais alta tenista de que se tem conhecimento no circuito mundial é Akgul Amanmuradova, do Uzbequistão: 1,90 m e 74 kg. Aos 22 anos, ainda tem resultados modestos: é a 168ª do mundo.
O crescimento constante não é visto em esportes femininos como o vôlei, por exemplo. A seleção brasileira que ganhou seis títulos em 2005 é um centímetro mais baixa do que a equipe bronze em Sydney-00: 1,83 m a 1,84 m.


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