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TÊNIS
Altura das tenistas de elite cresce 11 cm em três décadas e faz especialistas preverem mulheres maiores do que homens
Quadras viram habitat de "grandalhonas"
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você é mulher e mede 1,78 m,
saiba: sua estatura é adequada à
de uma tenista da elite mundial.
Mas nem sempre foi assim.
Levantamento feito pela Folha
mostra que as tenistas de alto nível estão "crescendo" cerca de três
centímetros a cada cinco anos.
Em 2000, por exemplo, a estatura média do top 10 feminino era
de 1,75 m. A mais alta, na ocasião
e ainda hoje, é a norte-americana
Lindsay Davenport, com 1,89 m.
Mas apenas ela e a compatriota
Venus Williams, 1,85 m, rompiam a barreira do 1,80 m.
Agora, além de Davenport, outras duas atletas exibem passadas
largas e longa envergadura: as
russas Maria Sharapova, 1,88 m, e
Elena Dementieva, 1,80 m.
Nos primórdios do tênis profissional -o ranking mundial foi
criado em 1973-, a altura média
das tenistas de elite mal passava
do 1,70 m. A lendária Billie Jean
King, multicampeã dos anos 70 e
80, por exemplo, media 1,64 m.
"As tenistas mais altas são, geralmente, mais agressivas. Pela
envergadura, levam vantagem
nos saques e nos voleios", afirma
Robert Lansdorp, treinador de
grandalhonas como Davenport e
Sharapova. "As mais baixas levam vantagem no fundo de quadra, pois são mais ágeis. Mas geralmente têm menos força e não
conseguem golpear a bola em
uma altura em que as maiores
conseguem", completa o técnico.
Mas o ápice da estatura feminina, porém, está longe de ser atingido. "A média das dez melhores
do mundo deve passar do 1,80 m
em mais cinco anos, no máximo",
diz Pam Shriver, ex-tenista de 1,83
m que hoje atua como comentarista de TV em alguns torneios.
"A mulher tem se preocupado
mais com uma alimentação correta. Com isso, vem crescendo ao
longo dos anos. Este é um dado
que a gente acompanha", fala
Carlos Alves, capitão da equipe
brasileira que disputa a Fed Cup,
versão feminina da Copa Davis.
Tanto para ele quanto para
Shriver, a estatura feminina pode
superar a média masculina - hoje de 1,81 m. O mais alto é o croata
Ivan Ljubicic, número cinco do
mundo, que mede 1,93 m. "Isso
vai ocorrer se uma safra de mulheres altas surgir no mesmo período em que tivermos uma proliferação de "tourinhos", como o
[David] Ferrer", brinca Shriver,
sobre o tenista espanhol que mede 1,76 m e pesa 73 kg.
Se centímetros a mais podem
garantir golpes mais eficientes, há
um doloroso contraponto: a da
debilidade física. A russa Elena
Bovina, 23 anos e 1,89 m, é exemplo. "Sofri com dores terríveis nos
joelhos, cotovelos e ombros, antes
mesmo dos 18 anos", lembra a tenista, número 96 no ranking da
WTA. "Desde pequena fui alta,
mas meus músculos não eram
proporcionais. Sempre precisei
cuidar das dores nos músculos e
nas articulações. Em alguns casos,
acontece uma sobrecarga muito
grande no corpo da atleta."
Ela, agora, abusa da envergadura. "Tenho melhorado o top spin
[bola golpeada de baixo para cima, subindo bastante], aproveitando meus braços longos."
A mais alta tenista de que se tem
conhecimento no circuito mundial é Akgul Amanmuradova, do
Uzbequistão: 1,90 m e 74 kg. Aos
22 anos, ainda tem resultados
modestos: é a 168ª do mundo.
O crescimento constante não é
visto em esportes femininos como o vôlei, por exemplo. A seleção brasileira que ganhou seis títulos em 2005 é um centímetro
mais baixa do que a equipe bronze em Sydney-00: 1,83 m a 1,84 m.
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