São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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JUCA KFOURI

Decisões para alegrar secadores


Os pequenos encaram os grandes de igual para igual e deixam as massas com aquele friozinho na barriga


"VIVER É muito perigoso", já dizia Guimarães Rosa, uma de minhas frases favoritas. Escrever colunas também.
Foi só o colunista se animar com a chuva de gols do meio de semana para que o sábado viesse jogar água na fervura: duas semifinais em São Paulo e em Minas Gerais e nem um, nem um mísero golzinho entre Santos e Bragantino e entre Cruzeiro e Tupi. Festa para os secadores.
Ameaças de gol até que houve e não foram poucas, mas, no geral, embora os jogos não tenham sido propriamente ruins, em ambos o que mais chamou a atenção foi a incompetência dos finalizadores em fazer as redes balançarem.
Nada que abale o intacto favoritismo dos dois grandes, mas que já dá para imaginar o frio na barriga de suas torcidas com relação aos jogos do domingo, lá isso dá.
Ontem os gols apareceram, mas o frio na barriga permanecerá para outros dois grandes. Menos gols, diga-se, do que o São Paulo fez por merecer no 1 a 1 com o São Caetano, que, no entanto, tem razão em reclamar de um pênalti não marcado em Somália. Mas o tricolor só pecou pela falta de calma na hora de concluir as inúmeras chances que criou.
Nada, porém, que se compare aos gols que o Botafogo desperdiçou no 2 a 2 com a Cabofriense, num jogo frenético como têm sido as partidas decisivas no Maracanã.
E teremos Ca-Ju no Rio Grande?

Situação ruça
Apesar de o governo brasileiro conhecer dois relatórios da sua Abin sobre quem é Boris Berezovski; mesmo com o inquérito do Gaeco do Ministério Público paulista que o envolve com a parceria Corinthians/MSI e lavagem de dinheiro; não obstante tudo o que a Embaixada da Rússia em Brasília já informou para requerer sua prisão e extradição e de tudo que a Polícia Federal já levantou sobre ele, assim mesmo o Itamaraty teimava em autorizar a entrada do bilionário no país. Um escândalo.
Mas, após a entrevista explosiva que deu ao jornal inglês "The Guardian", pregando a derrubada violenta do presidente eleito da Rússia, Vladimir Putin, fica impossível, sem causar grave crise diplomática entre os dois países, que Berezovski venha ao Brasil como provável investidor seja lá em que área for e quanto esteja disposto a gastar.
Com o que acaba de vez a tentativa de Alberto Dualib em convencer o Conselho Deliberativo do Corinthians da iminente chegada do salvador, uma espécie de dom Sebastião do Parque São Jorge.
Tudo aquilo que se dizia se comprova: um dia Kia Joorabchian tomaria um avião para Londres e nunca mais voltaria. Pois tomou há quase um ano e nunca mais voltou; o fim da parceria deixaria o Corinthians em situação parecida com a do Flamengo. A reportagem de ontem desta Folha demonstra que a dívida já supera R$ 100 milhões... A pergunta é só uma: o que estão esperando para votar o impeachment de Dualib?

Secos & Molhados
Sonda daqui, sonda dali, e o esquema do queijo fétido prevaleceu no Corinthians, que trouxe PC Carpegiani, um bom profissional que, no entanto, há muito tempo tem, no Sul do país, um clube apenas para formar e vender jogadores, como um supermercado.
Negócio legal e normal, mas que não pode ser confundido com suas novas atribuições, embora quem o tenha trazido só viva de confusões.
Viver é tão perigoso que aquilo que estava definido na sexta, sob juras do presidente do Corinthians, consumou-se ontem, mais um passo para o isolamento definitivo de Dualib, que atendeu a interesses inconfessáveis e desagradou até aos que o apóiam.

blogdojuca@uol.com.br


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