São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Palmeiras ganha em partida que acaba na delegacia

"Danilo cuspiu em mim e me chamou de macaco", afirmou Manoel, do Atlético-PR, depois de jogo pela Copa do Brasil

Rodrigo Coca/Fotoarena
O atacante Robert comemora seu gol, o da vitória do Palmeiras

Palmeiras 1
Atlético-PR 0


RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A vitória do Palmeiras sobre o Atlético-PR, com um solitário gol de Robert, no primeiro confronto válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil, ontem à noite, no Parque Antarctica, terminou na delegacia.
O zagueiro atleticano Manoel afirmou depois da partida que foi alvo de ofensas racistas por parte do também defensor palmeirense Danilo.
"O Danilo cuspiu em mim e me chamou de macaco", disse Manoel, que dirigiu-se ao 23º DP, próximo ao estádio, para prestar queixa. O beque palmeirense, cercado por aproximadamente 12 seguranças do clube, deixou o vestiário cerca de uma hora após o final do jogo e não quis dar declarações.
Segundo o delegado Percival Alcântara Júnior, a denúncia de Manoel se encaixa em um caso de crime de injúria, qualificada por emprego de racismo. Em caso de condenação, a pena varia de um a três anos de detenção. Danilo deve ser chamado para prestar depoimento.
Curioso é que ainda no campo, depois do apito final, ambos haviam desconversado a respeito do episódio da cusparada. Num primeiro momento, Manoel negou o problema. "Foi coisa do jogo", declarou.
Danilo, por sua vez, defendeu-se afirmando ter sido alvo de uma cabeçada. A TV flagrou o instante em que o palmeirense cuspiu no adversário.
No vestiário, o beque atleticano voltou atrás. Indagado sobre por que mudara de ideia, respondeu: "Para ele não fazer isso de novo com outra pessoa. Vamos tomar providências, e ele vai ter de pagar por isso".
O diretor de futebol do Palmeiras Savério Orlandi, que é advogado, disse que na conversa que teve com Danilo o jogador negou ter proferido ofensas a Manoel, "muito menos de cunho racista". "O outro episódio flagrado pela televisão ele reconhece, não tem o que esconder", disse, sobre o cuspe.
Para Orlandi, o caso dificilmente terá desfecho negativo para Danilo. "É a palavra dele contra a do Manoel." Só que as câmeras de TV também flagraram a ofensa ("macaco").
O diretor de futebol do Atlético-PR, Ocimar Bolicenho, garantiu que Danilo, ex-jogador do time curitibano, é reincidente em casos como esse.
"Vamos levar isso até o último minuto. Não é a primeira vez que acontece, esse rapaz, sempre que atua contra o Atlético-PR, toma atitudes assim. Vamos à delegacia prestar queixa na área criminal e também na área esportiva."
No Brasil, o caso mais célebre no futebol ocorreu em 2005, quando o então são-paulino Grafite acusou o beque Leandro Desábato, do Quilmes, de ter-lhe dirigido ofensas racistas em jogo da Libertadores no Morumbi. O argentino foi detido ainda em campo e dormiu duas noites na prisão.
Ontem, o episódio tirou completamente o foco sobre a vitória palmeirense. Antes de tudo vir à tona, a equipe havia festejado muito mais o fato de não ter sido vazada em casa do que o resultado favorável.
Agora, os paulistas jogarão por um empate na quarta, em Curitiba. Derrota por 1 a 0 levará a decisão para os pênaltis.
"Lá, eles terão que fazer dois gols para saírem vitoriosos", disse Diego Souza, referindo-se à diferença no placar necessária para o rival passar de fase sem depender dos pênaltis.


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