São Paulo, quinta, 16 de abril de 1998

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MATINAS SUZUKI JR.
Letras, letras

Amazon.com - que não é mais só livraria virtual, mas também pesquisadora e "recomendadora" de livros - me avisa de novas obras.
Escreve-se mais sobre o tema, é mais fácil o acesso ao livros internacionais sobre o assunto.
Mas também aumenta o número de competições e modalidades esportivas -e diminui o tempo para lê-los.

Dos esportes altamente profissionalizados, talvez a NBA seja o que mais absorveu padrões mercadológicos e recursos do "show business".
Amazon.com me dá o toque do livro "Money Players: Days and Nights Inside the New NBA", dos jornalistas americanos Armen Keteyian (ABC), Harvey Araton ("The New York Times") e Martin F. Dardis ("Sports Illustrated").
O livro mostra como o dinheiro começa a correr cada vez mais cedo entre os possíveis futuros jogadores da NBA e como o dinheiro corre cada vez mais entre as imensas mãos de seus jogadores profissas desde que um homem chamado David Stern, talvez o mais bem-sucedido organizador de espetáculos (esta é a palavra certa) esportivos do mundo, tomou conta daquele negócio.
O livro mostra também que, apesar do dinheiro e da rigidez de comportamento imposta por Stern, a NBA está forrada de bad boys, de gigantes Edmundos das cestas.
Para evitar o mau comportamento de jovens que não sabiam, nos anos anteriores, o que era a força do dinheiro, a NBA investe em um programa de treinamento dos jovens futuros profissionais que inclui aulas sobre relações públicas, finanças, cuidados pessoais, saúde, cassinos e drogas.

Um conhecido meu, ligado à direção de uma empresa que investe bastante no futebol brasileiro, diz que, por aqui, os investimentos também estão chegando cada vez mais cedo ao futuro jogador.
Ele diz que não basta ficar com os direitos ao talento do jogador ainda menino, é preciso também investir na sua família e na sua educação.
A profissionalização precoce, se acompanhada dos cuidados familiares e educacionais, pode salvar muito menino pobre brasileiro da marginalidade.

Por falar em livros, vem aí "O País do Futebol", do repórter Mário Magalhães, as "Confissões de Um Torcedor: Quatro Copas e uma Paixão", do Nelsinho Motta, e o livro de memórias de Puskas.
Nada melhor do que livros para esquentar o clima de Copa do Mundo.

Enquanto Ronaldinho explode na Itália na hora certa, pelos gramados paulistas me encanta o futebol esguio, bonito e elegantíssimo desse menino de apelido França.

"Não basta só a ciência e a arte, é preciso também ter tolerância", é mais ou menos o que disse o Fausto de Goethe. O velho Lobo do fut, vivendo a sua época fáustica, tem tolerância e chama Edmundo.
Mas não basta ter apenas tolerância. É preciso ter engenho e arte para, por exemplo, arrumar um lugar para Giovanni entre os 22, em vez de optar pela falta de engenho e de arte de um Doriva.


Matinas Suzuki Jr. é diretor editorial-adjunto da editora Abril



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