Imbatível no saibro há 77 partidas, espanhol joga pelo grande título que lhe falta na superfície, o de Hamburgo

Número 2 do tênis pode se tornar o único, além do brasileiro, a triunfar nos três Masters Series em terra batida e em Roland Garros

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

O espanhol Rafael Nadal, 20, já se acostumou a demolir recordes no saibro e afirma não dar importância para isso, mas pode aumentar sua coleção de feitos nesta semana.
"[Recordes] são coisas que não interessam. Penso na minha próxima partida e em me preparar da melhor maneira possível", afirma Nadal, que estréia hoje no Masters Series de Hamburgo contra o compatriota Oscar Hernández.
Se levantar o troféu, o espanhol será o primeiro tenista a conquistar os três Masters Series no saibro na mesma temporada e se igualará a Gustavo Kuerten, que venceu os três torneios e Roland Garros.
Formado por nove eventos, o Masters Series perde em importância somente para os quatro Grand Slams (Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Aberto dos EUA).
Desde o advento da série, em 1990, somente dois jogadores conseguiram a façanha de vencer os três Masters Series no saibro (Montecarlo, Roma e Hamburgo): Gustavo Kuerten e o chileno Marcelo Ríos.
Ríos, porém, não alcançou a glória máxima na terra batida, o título em Roland Garros.
Já Guga, tricampeão em Paris, foi o vencedor dos Masters Series em temporadas distintas: triunfou em Montecarlo em 1999 e 2001, Roma em 1999 e Hamburgo em 2000.
Nadal disputou o torneio alemão apenas uma vez, em 2003, quando caiu na terceira rodada.
Nos anos seguintes, ficou fora por contusão ou por questões estratégicas -preferiu descansar para Roland Garros.
Quem mais se aproveitou de sua ausência foi justamente seu maior rival no circuito, o líder do ranking, Roger Federer.
O suíço conquistou 3 de seus 5 títulos no saibro em Hamburgo. Apesar de estar sem treinador e vir de uma seqüência incomum de quatro torneios seguidos sem títulos, Federer demonstra confiança.
"Treinei forte e estou bem. Sabia que perderia algum torneio. Isto prova que sou humano", afirmou ele, que só enfrenta Nadal em uma provável final.
O número dois do mundo sabe que o título encurtaria ainda mais a distância que o separa de Federer e está embalado.
Em Roma, na semana passada, o espanhol amealhou outras duas marcas históricas.
Com o título, tornou-se o único jogador na Era Aberta (a partir de 1968) a conquistar o torneio três vezes seguidas.
Além disso, acumulou 77 partidas sem derrota no saibro e derrubou o recorde de 20 anos de John McEnroe de vitórias seguidas em qualquer tipo de superfície -entre setembro de 1985 e abril de 1987, o americano colecionou 75 triunfos em quadras de carpete cobertas.
Apesar do favoritismo contra Hernández hoje, Nadal adota um discurso comedido.
"Será duro. Toda quadra é diferente, e o primeiro jogo é sempre difícil", disse o espanhol, que no quesito de ter todos os grandes títulos do saibro ainda tenta se equiparar a Guga, porém em outro deixa para trás não só o brasileiro mas também todos os outros campeões de Roland Garros na era profissional (desde 1968).
O aproveitamento de Nadal no piso mais lento do tênis é de impressionantes 90,48%.
Quem mais se aproxima da marca é o hexacampeão de Roland Garros, o sueco Bjorn Borg, com 88,16%. Guga, em sua carreira, registra 70,69%.