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Ronaldo já sofre por pensar em parar
Copa de 2010 pode segurar corintiano por mais um ano
Atacante prefere que filho tenha "amiguinhos europeus"
Presidente da CBF mostra "duplo caráter", afirma jogador
Descontraído, corintiano fala de futebol, política e sexo, defende o direito à privacidade e critica Ricardo Teixeira para teatro lotado
João Wainer/Folha Imagem
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O atacante Ronaldo, durante sabatina da Folha em São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
Ronaldo surge e começam os
gritos de "magrão", "magrelo",
"lindão". Sorri, agradece com
um breve aceno de cabeça, ocupa seu lugar no centro do palco.
Começa a falar.
E o maior artilheiro das Copas, campeão em 1994 e 2002,
eleito três vezes o melhor do
mundo pela Fifa, astro do Corinthians, redentor do futebol
do país do futebol, falou muito.
Em sabatina da Folha, ontem, em um Teatro Folha que
viu gente em pé nos corredores, Ronaldo Luís Nazário de
Lima, 32, atacou o presidente
da CBF, conclamou o direito à
privacidade, criticou a desorganização do futebol brasileiro,
classificou de "carnaval" a preparação para a Copa de 2006,
defendeu a criação do filho no
exterior, negou o uso de drogas,
elogiou Lula e Aécio Neves, demonstrou fascínio pelo fanatismo dos torcedores corintianos.
Falou até o que nunca havia
falado publicamente: no fim do
ano, decidirá se continua jogando. "Quero ficar no Brasil,
cumprir o contrato com o Corinthians, avaliar o que aconteceu e traçar novos objetivos...
Vou reunir a família e decidir
se jogo mais um ano ou não."
Se algo pode adiar a aposentadoria, é a Copa da África do
Sul, que o tornaria o terceiro da
história a estar em cinco Mundiais -os outros, o mexicano
Carbajal e o alemão Matthäus.
"Seria fantástico, é claro que
seria maravilhoso. Mas o Dunga, coitado, já tem muita pressão. E ainda não tenho condições para a seleção. Sinceramente, eu digo que ainda estou
buscando a melhor condição
para jogar no Corinthians, administrando, treinando..."
Camisa azul clara com "pizzas" nas axilas -como definiu
as marcas de suor-, calça jeans
preta, All Star azul escuro
apoiado numa mesinha de vidro, Ronaldo fez a plateia rir ao
falar de Romário, do presidente corintiano, Andres Sanchez,
da festa pela conquista do Paulista e até da polêmica crise
nervosa que o abalou antes da
decisão da Copa da França.
Mas falou também de choro.
O último, numa conversa com
a mãe, no sábado passado.
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