São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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MOTOR

Brincadeira antiga


Há décadas, homens da Ferrari e da FIA se atacam nos bastidores da categoria para ficarem abraçados no final

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A CONTECEU EM 1964.
Enzo Ferrari estava irritado com o Automobile Club d'Italia porque a entidade não o apoiara numa rixa com a FIA para homologação do modelo 250 GT. O carro foi considerado um protótipo e, como tal, ficou impedido de disputar o Mundial de Marcas, então aberto apenas para carros de série.
A solução do comendador, o rompimento. Sua equipe renunciou à licença italiana e correu os últimos dois GPs daquela temporada, nos EUA e no México, com registro americano, carros pintados de azul e branco e sob o nome North American Racing Team. E foi assim que Surtees ganhou seu campeonato.
Panos quentes entraram em ação, e, em 1º de janeiro de 1965 -sim, a data está certa, já contei essa história aqui-, a Ferrari estava alinhada para largar em East London. Vermelhinha, reluzente, como sempre. Aconteceu de novo em 1986.
Dessa vez, o debate entre Ferrari e a FIA foi em torno do regulamento de motores para o ano seguinte. Balestre defendia padronizar os V8. O comendador, claro, queria os V12.
Diante do impasse, a ameaça de rompimento. Ferrari anunciou que a escuderia trocaria a F-1 pela Indy.
A escuderia chegou a desenhar e produzir um modelo, o F637, que, reza a lenda, testou em Fiorano com Alboreto -outra corrente jura que o carro não tinha nem motor. Há uma foto no tinyurl.com/ferrariindy.
Fato é que a FIA voltou atrás. Em 12 de abril de 1987, a Ferrari estava no grid da falecida Jacarepaguá.
Acontece de novo agora.
A Ferrari se opõe ao teto de 40 milhões de libras, mais uma boa intenção da FIA que foi mal executada -tirar os orçamentos da estratosfera é louvável, mas não criando um limiar impossível de fiscalizar.
Diante da posição até agora irredutível, a ameaça de rompimento.
A Ferrari conhece sua força, sabe que tem uma marca mais poderosa que a F-1. E joga de novo com isso.
Em março de 2010, estará alinhada em Melbourne ou em outro grid qualquer da F-1. E não haverá teto orçamentário nenhum. Ou haverá, nas alturas, só para constar.

COM BRILHO
Sim, a relação de Castro Neves com Indianápolis é mesmo mágica. Se é verdade que pole não significa muito numa prova de 500 Milhas, também é que a pole dele foi consistente, sólida, reflexo de um ótimo acerto no speedway -tanto que o companheiro Briscoe foi segundo.
Depois de Maurren e Ronaldo, o paulista pode protagonizar a maior volta por cima de um esportista brasileiro nos últimos tempos.

SEM SAÍDA
Button ganhou 4 em 5 por uma equipe em busca de afirmação. Ainda não houve jogo de equipe. Mas haverá. E, aí, Barrichello terá de "pendurar as chuteiras". Ou não.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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