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Vans assustam mais que terrorismo
Motoristas de lotações sabotam corredor de ônibus em Johannesburgo com violência e viram maior ameaça à Copa-10
Para especialistas, chance de ataque terrorista ou confusão por conflitos raciais durante o Mundial sul-africano é pequena
DE JOHANNESBURGO
Greves, protestos, conflitos
raciais e ataques terroristas estão na lista de eventos imponderáveis que podem se somar à
violência urbana na África do
Sul, durante a Copa do Mundo.
A possibilidade de que atinjam
turistas, segundo especialistas,
é pequena, no entanto.
Um alvo recente tem sido o
novo sistema de corredores de
ônibus em Johannesburgo,
chamado de Rea Vaya ("estamos nos movendo"). Uma linha
rápida que liga os dois estádios
da cidade usados na Copa, Ellis
Park e Soccer City.
A intenção do comitê organizador era que fosse uma opção
para torcedores, mas uma série
de ataques sofridos pelo sistema colocou isso em dúvida.
Em março, a casa de um motorista foi incendiada. Há duas
semanas, tiros foram disparados contra um ônibus, deixando um morto.
Os principais suspeitos são
donos de vans de lotação, furiosos com a concorrência. Foi o
suficiente para deixar passageiros ressabiados. "Estou com
medo, estou preocupada. Alguém pode simplesmente me
dar um tiro", disse Tumelo Modisha, esperando um ônibus no
centro de Johannesburgo.
O prefeito de Johannesburgo, Amos Masondo, prometeu
"fazer tudo o que for possível"
para dar maior proteção aos
passageiros, incluindo colocar
policiais à paisana dentro dos
ônibus e veículos os escoltando
em áreas mais perigosas. "Vamos caçar essas pessoas e lidar
com elas de maneira muito dura", disse ele à Folha.
Passageiro frequente do sistema, o técnico em eletrônica
Steven Pholosi afirma que a
presença policial não é frequente nos ônibus. "Acho que a
polícia tem outras coisas para
cuidar", declara.
Os motoristas de vans ameaçam fazer greve durante a Copa, assim como outras categorias, aproveitando a visibilidade do evento e a vulnerabilidade do governo neste momento.
Favelas
Uma ameaça igualmente
concreta é a de que ocorram
protestos violentos em favelas.
"Até o fim do apartheid, há
apenas 16 anos, toda política
era feita por meio de protestos.
Essa tradição se mantém", diz
Yvette Geyer, do Instituto para
Democracia na África do Sul.
Todos os anos, centenas de
manifestações pedindo serviços básicos como habitação e
saneamento, e protestando
contra corrupção de autoridades locais, ocorrem pelo país.
Algumas se tornam violentas.
Há dois anos, elas foram contaminadas por uma onda de xenofobia, que deixou mais de 60
estrangeiros mortos.
A possibilidade de um conflito racial no país é pequena,
mesmo com os acontecimentos
dos últimos meses. O assassinato de Eugene Terreblanche,
líder de um grupo radical branco por um trabalhador negro
aumentou, tensões latentes entre as diversas raças que formam o país. Na semana passada, cinco radicais brancos foram presos por suspeita de envolvimento com um plano para
colocar bombas em favelas.
Quanto a um ataque terrorista da Al Qaeda, a polícia diz que
"não vai baixar a guarda". Mas
ninguém leva a sério a possibilidade.
(FÁBIO ZANINI)
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