Conspirações à parte, Ronaldo ainda merece jogar a próxima partida

O GRANDE assunto continua sendo Ronaldo, jogando bem ou mal. Com os seus novos sintomas físicos, os exames feitos em uma clínica de Frankfurt -todos negativos, segundo os médicos- e a lembrança da final da Copa de 98 aumentaram as dúvidas e as teorias conspiratórias sobre o jogador. Há todos os tipos de hipóteses. As mais delirantes são as mais interessantes. Nenhuma seria absurda se houvesse um fato concreto para justificá-la. Nada é estranho ao ser humano. Entre as confabulações fantásticas sobre o Ronaldo, a mais compatível com a realidade é o ciúme do Ronaldinho Gaúcho. Faz parte da vida humana. Ronaldo sempre demonstrou uma carência afetiva e dificuldades para lidar com as criticas. Felipão, que poderia ser o "Analista de Bagé", personagem do Luis Fernando Veríssimo, já disse que Ronaldo é muito mimado. Outra teoria conspiratória é a de que todos esses problemas surgidos com o Ronaldo nas últimas três semanas seriam um marketing do jogador. Aí, Ronaldo faria o gol do título e voltaria a ser o melhor do mundo. Como um atacante é quase sempre o artilheiro de qualquer time, é provável que ele seja o artilheiro do Brasil e da Copa, mesmo sem jogar bem. Não posso comentar baseado em teorias conspiratórias. Recorro à parte técnica. Nos últimos anos, Ronaldo só brilhou em alguns momentos. A sua forma física ideal está muito próxima de uma lesão muscular, como tem acontecido sempre que joga bem várias partidas. Além disso, os grandes atacantes se tornam com o tempo excessivamente confiantes. Acham que os gols vão sair normalmente, sem esforço. Com isso, decidem cada vez menos. A lentidão de Ronaldo contra a Croácia seria mais por excesso de confiança, soberba, do que por desinteresse e/ou problemas físicos. Vi várias vezes ele ter o mesmo comportamento no Real Madrid. Por tudo o que jogou e ainda pode jogar na seleção, Ronaldo ainda merece ser o titular na próxima partida. Mas, se ele e Adriano repetirem as suas péssimas atuações, será inevitável a entrada de Robinho.

tostao.folha@uol.com.br


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