São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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Análise de urina é arma de rival

Australianos realizam testes freqüentes para medirem hidratação e amenizar os efeitos do calor

Temperatura de país da Oceania facilitou adaptação ao verão europeu, e volante já avisa que "quem joga bonito se frustra contra nós"


FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A ÖHRINGEN

Um pouco depois do meio-dia de ontem, temperatura por volta dos 30C, a Austrália finaliza seu treino em Öhringen. Foi uma atividade puxada, duas horas de correria, incluindo exercícios, táticas e um coletivo de uma hora. Um ritmo raro nos treinos do Brasil.
De volta ao hotel, os jogadores correm ao banheiro, fazem xixi e usam um aparelinho que virou uma arma na Alemanha e ajuda muito a explicar a força física do time, característica que vitimou o Japão na rodada de abertura -diante de um adversário extenuado pelo calor, os australianos viraram o jogo com três gols em oito minutos.
O equipamento portátil chama-se refratômetro e serve para medir a hidratação. Todos os "socceroos", como são chamados os australianos, têm de usá-los de duas a três vezes por dia.
"Os próprios atletas operam o aparelho e nos avisam se há problemas. Se a urina está muito escura, é porque precisam se hidratar mais", explicou à Folha o diretor de alto rendimento da Federação Australiana de Futebol, John Boultbee.
Ex-coordenador do Instituto Australiano de Esportes, centro de excelência com sede em Canberra e do qual esteve à frente por cinco anos, o dirigente explicou quais as chaves para o time se manter vigoroso mesmo no forno em que se tornou o Mundial. "O mais importante são a hidratação e a recuperação depois das partidas. O refratômetro é crucial para isso. É vital que eles ingiram líquidos mesmo sem estar com sede", afirmou Boultbee.
Segundo a comissão técnica, a preparação física da Austrália foi traçada bem antes de o time se reunir para o Mundial. O grupo iniciou a pré-temporada, em 21 de maio, fazendo dois treinos puxados por dia.
Atualmente, tem treinado de manhã e feito exercícios mais leves e relaxamento à tarde.
Ajudada também pela similaridade entre o verão alemão e o clima quente australiano, a seleção de Guus Hiddink foi uma das que melhor tiraram proveito da situação na Copa.
Várias delegações, como Inglaterra e Holanda, queixaram-se do calor aos organizadores. A federação inglesa argumentou que seus jogadores beberam 70 litros de água no jogo contra o Paraguai -normalmente são 20. E encaminhou uma solicitação para facilitar o acesso dos atletas à água durante as partidas, já que há restrições da Fifa que impedem garrafas plásticas dentro das quatro linhas.
Os australianos estão cientes do poder de seu vigor físico e do aborrecimento que isso pode causar ao Brasil domingo, no confronto às 13h (de Brasília).
"Os holandeses [num amistoso antes da Copa, terminado em 1 a 1] não tiveram muitas chances conosco. Sempre esses times que prezam o jogo bonito se frustram quando nos enfrentam", afirmou o volante Culina.


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