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Análise de urina é arma de rival
Australianos realizam testes freqüentes para medirem hidratação e amenizar os efeitos do calor
Temperatura de país da Oceania facilitou adaptação ao verão europeu, e volante já avisa que "quem joga bonito se frustra contra nós"
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A ÖHRINGEN
Um pouco depois do meio-dia de ontem, temperatura por
volta dos 30C, a Austrália finaliza seu treino em Öhringen.
Foi uma atividade puxada, duas
horas de correria, incluindo
exercícios, táticas e um coletivo
de uma hora. Um ritmo raro
nos treinos do Brasil.
De volta ao hotel, os jogadores correm ao banheiro, fazem
xixi e usam um aparelinho que
virou uma arma na Alemanha e
ajuda muito a explicar a força
física do time, característica
que vitimou o Japão na rodada
de abertura -diante de um adversário extenuado pelo calor,
os australianos viraram o jogo
com três gols em oito minutos.
O equipamento portátil chama-se refratômetro e serve para medir a hidratação. Todos os
"socceroos", como são chamados os australianos, têm de usá-los de duas a três vezes por dia.
"Os próprios atletas operam
o aparelho e nos avisam se há
problemas. Se a urina está muito escura, é porque precisam se
hidratar mais", explicou à Folha o diretor de alto rendimento da Federação Australiana de
Futebol, John Boultbee.
Ex-coordenador do Instituto
Australiano de Esportes, centro de excelência com sede em
Canberra e do qual esteve à
frente por cinco anos, o dirigente explicou quais as chaves
para o time se manter vigoroso
mesmo no forno em que se tornou o Mundial. "O mais importante são a hidratação e a recuperação depois das partidas. O
refratômetro é crucial para isso. É vital que eles ingiram líquidos mesmo sem estar com
sede", afirmou Boultbee.
Segundo a comissão técnica,
a preparação física da Austrália
foi traçada bem antes de o time
se reunir para o Mundial. O
grupo iniciou a pré-temporada,
em 21 de maio, fazendo dois
treinos puxados por dia.
Atualmente, tem treinado de
manhã e feito exercícios mais
leves e relaxamento à tarde.
Ajudada também pela similaridade entre o verão alemão e o
clima quente australiano, a seleção de Guus Hiddink foi uma
das que melhor tiraram proveito da situação na Copa.
Várias delegações, como Inglaterra e Holanda, queixaram-se do calor aos organizadores. A
federação inglesa argumentou
que seus jogadores beberam 70
litros de água no jogo contra o
Paraguai -normalmente são
20. E encaminhou uma solicitação para facilitar o acesso dos
atletas à água durante as partidas, já que há restrições da Fifa
que impedem garrafas plásticas
dentro das quatro linhas.
Os australianos estão cientes
do poder de seu vigor físico e do
aborrecimento que isso pode
causar ao Brasil domingo, no
confronto às 13h (de Brasília).
"Os holandeses [num amistoso antes da Copa, terminado
em 1 a 1] não tiveram muitas
chances conosco. Sempre esses
times que prezam o jogo bonito
se frustram quando nos enfrentam", afirmou o volante Culina.
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