São Paulo, sábado, 16 de junho de 2007

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mão aberta

Lula fala em gastar mais com Copa que com Pan

Mundial-14, se for no Brasil, receberá mais verba do que Rio-07, diz presidente

Na contramão, presidente da CBF afirma que o papel governamental não é o de investidor, mas sim o de facilitador e indutor


PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de ouvir o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, dizer que "a melhor Copa do Mundo é a que consumir a menor quantidade de dinheiro", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi na direção oposta e disse que o evento vai custar ainda mais do que o Pan-Americano, que já utilizou R$ 3,7 bilhões.
"Se nós estamos gastando isso no Rio para fazer o Pan, imaginem uma Copa, que vai utilizar sei lá quantos estádios", disse Lula, que mais uma vez reclamou dos críticos dos gastos.
"Não pensem que será uma tarefa fácil. Haverá sempre os críticos dizendo: "Olha, mas vai gastar esse dinheiro, que poderia ser colocado para isso, para aquilo". É um evento que tem que levar em conta a participação do governo em criar as condições para que se dê da forma mais perfeita possível", disse.
O custo do Pan já excedeu em 793,72% o orçamento de 2002, quando o Rio apresentou sua candidatura, saltando de R$ 414 milhões para R$ 3,7 bilhões. O presidente tentou justificar o aumento, dizendo que o governo fez os gastos "porque acreditamos que isso faz parte da grandeza de um país".
Antes do discurso de Lula, Teixeira havia dito que não espera dinheiro do governo para a Copa, que deve ser realizada no Brasil em 2014. "O melhor papel que o governo pode fazer não é o de investidor, mas o de facilitador, de indutor", falou o presidente da CBF, que espera contar com a iniciativa privada. A Copa da Alemanha, em 2006, custou mais de R$ 20 bilhões.
Teixeira e Lula falaram em cerimônia no Palácio do Planalto na qual o governo brasileiro assinou as garantias exigidas pela Fifa para se candidatar, além de facilidades diplomáticas, entre outras medidas. A entidade máxima do futebol irá anunciar em novembro a sede do Mundial de 2014.
Lula desdenhou do novo estádio de Wembley, em Londres, que custou 800 milhões de libras (mais de R$ 3 bilhões). "É um estádio, confesso, que só tem material mais novo. Mas que o Maracanã causa mais emoção quando a gente entra lá, causa. Outros podem ter carpete, ar-condicionado. Mas o cheiro que foi criado, ninguém tem igual ao Maracanã, o cheiro do espetáculo do futebol."
O presidente ainda confessou que entre as suas grandes preocupações está o destino dos clubes. "O problema é que hoje, no futebol brasileiro, está muito difícil um clube formar um grande time, como a gente teve até a década de 80. A globalização do futebol está criando uma desvantagem competitiva para o Brasil", disse Lula, que defendeu uma lei para manter jovens talentos no país.
Lula concluiu que o nível ruim dos jogos tem afastado os torcedores. "Eu penso que hoje a gente reclama que o povo não vai mais ao estádio. O povo não vai mais porque os espetáculos não são mais os que a gente gostaria de ver. Quantos times hoje têm nomes de envergadura que podem chamar as pessoas?"


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