Cerca de 50 homens, selecionados pelo ditador Kim

Jong-il, veem a estreia da seleção em Johannesburgo

LAURA CAPRIGLIONE
PAULA CESARINO COSTA
ENVIADAS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

Eles eram, segundo os próprios, cerca de 200 torcedores. Mas aparentemente não chegavam a 50 pessoas. De qualquer forma, a torcida da fechada Coreia do Norte deu as caras no Ellis Park.
A maioria saiu dali em estado de graça. "Nós estamos muito orgulhosos pelo desempenho da nossa seleção", disse um deles.
A torcida coreana, vestida com um uniforme vermelho, segurando pequenas bandeiras do país e concentrada em um cantinho perto da tribuna da imprensa, distinguia- -se da massa predominantemente amarela no estádio.
Não havia uma única mulher entre o grupo de vermelho. Em Pyongyang, as mulheres são alvo de inúmeras proibições, inclusive fumar.
Entretanto, no meio dos coreanos trazidos diretamente da capital norte-coreana pelo regime do ditador Kim Jong-il, contavam-se alguns japoneses. Trajavam também o vermelho coreano.
Coreia do Norte e Japão têm fortes atritos recentes, por causa dos testes de mísseis realizados pelo regime stalinista de Kim Jong-il.
Perguntados sobre o que faziam no meio dos coreanos, os japoneses não hesitaram em responder: "Business" (negócios). Mas se recusaram a dizer de qual tipo.
A torcida oficial norte-coreana incentivava o time com coreografias ensaiadas.
Apesar de risonhos, todos os torcedores se recusavam a dar entrevistas e a se identificar. Apenas o fotógrafo oficial da turma passava as poucas informações.
""Viemos direto de Pyongyang. Fomos escolhidos pelo nosso governo para ajudar o nosso país. Se tudo der certo, vamos orgulhar o povo norte-coreano", disse ele, também sem se identificar.
O gol de Ji Yun-nam, aos 44min do segundo tempo, foi comemorado pela torcida norte-coreana com soquinhos ritmados no ar. Em campo, os jogadores também celebraram como se aquele fosse o gol de um título.
"Os heróis do povo enfrentaram uma potência e saíram com a cabeça erguida. Isso é a moderna Coreia", disse um deles, membro do Partido dos Trabalhadores da Coreia, no poder há décadas.


Texto Anterior: José Simão: Selexotan do Dunga
Próximo Texto: Drogba entra, mas não resolve o jogo
Índice