São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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BOXE

Óbvio, mas divertido

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Fui escolhido para enfrentar Mike Tyson porque meu cartel é bom [31 vitórias, 26 nocautes e 3 derrotas], sou grande, aparento ser competente e obviamente acham que vou ser nocauteado em poucos assaltos." Essa foi a resposta de Danny Williams quando perguntei o motivo de ele ter sido selecionado como o adversário do ex-campeão mundial no próximo dia 30. A resposta do peso-pesado britânico à minha segunda pergunta (durante teleconferência esta semana) foi ainda mais reveladora. "Por que você está fora dos rankings mundiais?", questionei. "É que durante vários anos defendi meu título britânico. Não enfrentei adversários realmente de primeira", justificou o campeão da União Mundial de Boxe. Se você não conhece a UMB, não se desespere. Você integra a maioria -pouquíssima gente sabe que a união sequer existe. Embora o número de questões fosse limitado a duas por pessoa por causa do alto número, ouvir o resto da sessão de perguntas e respostas foi divertido -o interesse no inexpressivo rival de Tyson é explicado pelo fato de não haver previsão de participação de "Iron" Mike em teleconferência. Em determinado momento, um jornalista perguntou a Williams se havia conversado com Frank Bruno, que acumula experiência de dois combates com Tyson. "Sim, tenho falado com ele. Bruno inclusive me deu algumas dicas", informou o pugilista. "Que tipo de dicas? Diga alguma coisa que Bruno te disse", interessou-se o repórter, em busca de detalhes de sua estratégia. "Bruno me disse que Tyson pega duro", respondeu Williams. Nesse momento ouviu-se uma risadinha marota, porém não foi possível identificar se fora do próprio Williams ou do jornalista. "E foi essa a dica que ele deu?", reclamou, incrédulo, o repórter. Aí Williams completou a informação. Bruno, um dos maiores ídolos da Inglaterra, também teria afirmado que Tyson telegrafa seus golpes, o que facilitaria ações evasivas da parte do oponente. Mas o retrospecto de Williams não é dos mais animadores. É fácil chegar a essa conclusão quando você vê em seu cartel que ele foi derrotado por Julius Francis. Isso mesmo, Julius Francis! O mesmo que não decepcionou o tablóide inglês para o qual vendeu espaço publicitário nas solas das sapatilhas que calçou ao enfrentar Tyson: não completou dois assaltos. É preciso dizer mais? Aliás, vi uma das luta de Williams, contra Craig Bowen-Price, disputada em 2000. Ele não impressionou, mesmo tendo batido o adversário no assalto inicial. Mas não importa. Mesmo com tudo isso, o retorno de Tyson será uma atração. Tanto que nos EUA será oferecido em pay-per-view (negocia-se sua transmissão para o Brasil via o mesmo sistema). Tudo porque o fascínio do público com Tyson nada tem a ver com critérios técnicos. Para a maioria, não importa se seu rival é Spinks ou Nielsen, desde que "Iron" Mike ponha quem estiver no córner oposto no chão o mais rápido e dolorosamente possível. Para ela, a única coisa que importa é que Tyson é Tyson.

Popó
O combate amanhã entre Lakva Sim e Juan Diaz, pelo título dos leves da AMB, é importante para Popó, pois será em sua categoria de peso. Embora o show seja da Main Events, o promotor de Popó, Arthur Pelullo, emprestará um de seus contratados (Teddy Reid) para a programação, o que indica aproximação entre as empresas. Carl Moretti, da Main Events, já disse que o vencedor fica em ótima posição para desafiar os outros campeões. E Popó mantém proximidade com a AMB, entidade pela qual já foi campeão. A programação será transmitida ao vivo para o Brasil, a partir das 23h, pela HBO Plus.

Eder Jofre
O ex-campeão mundial dos galos e penas lança na próxima segunda-feira o DVD "Eder Jofre - O Grande Campeão", de 80 minutos.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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