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BOXE
Óbvio, mas divertido
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Fui escolhido para enfrentar Mike Tyson porque
meu cartel é bom [31 vitórias, 26
nocautes e 3 derrotas], sou grande, aparento ser competente e obviamente acham que vou ser nocauteado em poucos assaltos."
Essa foi a resposta de Danny
Williams quando perguntei o
motivo de ele ter sido selecionado
como o adversário do ex-campeão mundial no próximo dia 30.
A resposta do peso-pesado britânico à minha segunda pergunta
(durante teleconferência esta semana) foi ainda mais reveladora. "Por que você está fora dos
rankings mundiais?", questionei.
"É que durante vários anos defendi meu título britânico. Não
enfrentei adversários realmente
de primeira", justificou o campeão da União Mundial de Boxe.
Se você não conhece a UMB,
não se desespere. Você integra a
maioria -pouquíssima gente sabe que a união sequer existe.
Embora o número de questões
fosse limitado a duas por pessoa
por causa do alto número, ouvir o
resto da sessão de perguntas e respostas foi divertido -o interesse
no inexpressivo rival de Tyson é
explicado pelo fato de não haver
previsão de participação de
"Iron" Mike em teleconferência.
Em determinado momento, um
jornalista perguntou a Williams
se havia conversado com Frank
Bruno, que acumula experiência
de dois combates com Tyson.
"Sim, tenho falado com ele.
Bruno inclusive me deu algumas
dicas", informou o pugilista.
"Que tipo de dicas? Diga alguma coisa que Bruno te disse", interessou-se o repórter, em busca
de detalhes de sua estratégia.
"Bruno me disse que Tyson pega duro", respondeu Williams.
Nesse momento ouviu-se uma
risadinha marota, porém não foi
possível identificar se fora do próprio Williams ou do jornalista.
"E foi essa a dica que ele deu?",
reclamou, incrédulo, o repórter.
Aí Williams completou a informação. Bruno, um dos maiores
ídolos da Inglaterra, também teria afirmado que Tyson telegrafa
seus golpes, o que facilitaria ações
evasivas da parte do oponente.
Mas o retrospecto de Williams
não é dos mais animadores.
É fácil chegar a essa conclusão
quando você vê em seu cartel que
ele foi derrotado por Julius Francis. Isso mesmo, Julius Francis! O
mesmo que não decepcionou o tablóide inglês para o qual vendeu
espaço publicitário nas solas das
sapatilhas que calçou ao enfrentar Tyson: não completou dois assaltos. É preciso dizer mais?
Aliás, vi uma das luta de Williams, contra Craig Bowen-Price,
disputada em 2000. Ele não impressionou, mesmo tendo batido
o adversário no assalto inicial.
Mas não importa. Mesmo com
tudo isso, o retorno de Tyson será
uma atração. Tanto que nos EUA
será oferecido em pay-per-view
(negocia-se sua transmissão para
o Brasil via o mesmo sistema).
Tudo porque o fascínio do público com Tyson nada tem a ver
com critérios técnicos. Para a
maioria, não importa se seu rival
é Spinks ou Nielsen, desde que
"Iron" Mike ponha quem estiver
no córner oposto no chão o mais
rápido e dolorosamente possível.
Para ela, a única coisa que importa é que Tyson é Tyson.
Popó
O combate amanhã entre Lakva Sim e Juan Diaz, pelo título dos leves
da AMB, é importante para Popó, pois será em sua categoria de peso.
Embora o show seja da Main Events, o promotor de Popó, Arthur
Pelullo, emprestará um de seus contratados (Teddy Reid) para a programação, o que indica aproximação entre as empresas. Carl Moretti, da Main Events, já disse que o vencedor fica em ótima posição para
desafiar os outros campeões. E Popó mantém proximidade com a
AMB, entidade pela qual já foi campeão. A programação será transmitida ao vivo para o Brasil, a partir das 23h, pela HBO Plus.
Eder Jofre
O ex-campeão mundial dos galos e penas lança na próxima segunda-feira o DVD "Eder Jofre - O Grande Campeão", de 80 minutos.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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