|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Número de times que usam o 3-5-2 vencedor na Copa despenca no país
Nem penta consagra o esquema de Scolari
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O esquema tático que consagrou o gaúcho Luiz Felipe Scolari
na última Copa do Mundo está fora de moda em seu próprio país.
Nas duas rodadas iniciais do
Brasileiro-2002, o número de
equipes que adotam o pentacampeão 3-5-2, que também ganhou a
edição passada do Nacional com
o Atlético-PR, não pára de cair.
Com apenas duas jornadas realizadas da principal competição
do país, apenas quatro equipes
mantêm a hoje consagrada fórmula com três zagueiros. A situação atual é bem diferente da registrada no ano passado, quando
Scolari dava seus primeiros passos como técnico da seleção.
No início do Brasileiro-2001, nada menos do que nove agremiações apostavam no 3-5-2, inclusive equipes que se destacaram em
vários momentos da competição.
Além do campeão Atlético-PR, times como Grêmio e Palmeiras.
Já o desempenho dos quatro
clubes que continuam a usar a
fórmula com três jogadores na zaga é pouco animador até agora.
Atlético-MG e Figueirense ainda não venceram -cada um acumula um empate e uma derrota.
O Juventude estreou com vitória
sobre a Ponte Preta, mas o time de
Ricardo Gomes alterna o 3-5-2
com o 4-4-2 dependendo do rival.
O Grêmio, time que há mais
tempo usa o esquema preferido
de Scolari, faz papel melhor
-tem quatro pontos em duas
partidas até o momento.
A falta de apelo do 3-5-2, descartado até pelo Atlético-PR, é tão
grande que Flávio Teixeira, o
Murtosa, que foi auxiliar do técnico na seleção no Mundial, não garante sua utilização em seu novo
clube. Ontem, ao ser apresentado
como o substituto de Wanderley
Luxemburgo no Palmeiras, Murtosa se mostrou indeciso. "Eu ainda não defini o esquema tático
que vou usar", declarou.
Até antigos entusiastas da linha
com três zagueiros, como Mário
Sérgio, dirigem hoje equipes que
abdicaram dessa fórmula.
No São Caetano, seu atual clube,
o treinador preferiu manter o 4-4-2 de Jair Picerni, que levou a agremiação do ABC à final dos últimos dois Brasileiros e da Libertadores-2002. "Vou manter um esquema que vem tendo relativo sucesso", disse, ao assumir o cargo.
Mário Sérgio foi o primeiro técnico do Atlético-PR no Brasileiro
do ano passado. Montou o 3-5-2
que depois foi aperfeiçoado por
Geninho e deu o primeiro título
nacional ao time paranaense.
Quem teve sucesso no primeiro
semestre com o esquema que deu
o título mundial para o Brasil na
Ásia já esqueceu o 3-5-2 logo após
o primeiro tropeço no Nacional.
Depois de estrear perdendo para o Flamengo por 3 a 1, o técnico
Guto Ferreira, do Internacional,
trocou a tática que deu ao time o
título do Campeonato Gaúcho
pelo tradicional 4-4-2 no jogo
contra o Corinthians, anteontem,
quando o time de Porto Alegre
novamente perdeu, mas dessa vez
com desempenho bem melhor.
"Vou fechar mais o time fazendo duas linhas de quatro. Espero
que a zaga renda melhor", disse
Ferreira sobre sua nova escolha.
Ex-adeptos
Os treinadores que sempre desconfiaram da eficácia do 3-5-2
continuam a desprezar o sistema.
"Não abro mão do meu esquema", diz o corintiano Carlos Alberto Parreira, que faz sua equipe
jogar com a tradicional linha de
quatro defensores. Isso depois de
mudar de idéia em relação ao ataque -usa três atacantes agora no
lugar de dois. No São Paulo, apesar de testar variações táticas, Oswaldo de Oliveira já deu entrevistas afirmando que não gosta do
esquema adotado por Scolari.
Pelo menos nas duas rodadas
iniciais, a diminuição no número
de equipes atuando no 3-5-2 foi
positiva para a ofensividade do
Brasileiro-2002. As duas jornadas
tiveram, sem contar os três jogos
que seriam realizados ontem à
noite, média de três gols por confronto. No ano passado, as duas
rodadas iniciais apresentaram
média menor -2,57 por partida.
Uma estatística do Datafolha
ajuda a comprovar a tese daqueles
que atacam o 3-5-2 por ser um sistema que proporciona jogos com
menos espetáculo.
O início do último Nacional foi
mais violento do que o atual. Os números só não são
mais positivos por culpa dos times que atuam com três zagueiros. Contra uma média geral de
28,3 faltas por equipe em cada jogo, Atlético-MG, Figueirense,
Grêmio e Juventude têm média de
34,1 infrações por partida.
Colaborou Eduardo Arruda,
da Reportagem Local
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Por Quê?: Mercado e falta de alas derrubam três zagueiros Índice
|