São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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Número de times que usam o 3-5-2 vencedor na Copa despenca no país

Nem penta consagra o esquema de Scolari

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O esquema tático que consagrou o gaúcho Luiz Felipe Scolari na última Copa do Mundo está fora de moda em seu próprio país.
Nas duas rodadas iniciais do Brasileiro-2002, o número de equipes que adotam o pentacampeão 3-5-2, que também ganhou a edição passada do Nacional com o Atlético-PR, não pára de cair.
Com apenas duas jornadas realizadas da principal competição do país, apenas quatro equipes mantêm a hoje consagrada fórmula com três zagueiros. A situação atual é bem diferente da registrada no ano passado, quando Scolari dava seus primeiros passos como técnico da seleção.
No início do Brasileiro-2001, nada menos do que nove agremiações apostavam no 3-5-2, inclusive equipes que se destacaram em vários momentos da competição. Além do campeão Atlético-PR, times como Grêmio e Palmeiras.
Já o desempenho dos quatro clubes que continuam a usar a fórmula com três jogadores na zaga é pouco animador até agora.
Atlético-MG e Figueirense ainda não venceram -cada um acumula um empate e uma derrota. O Juventude estreou com vitória sobre a Ponte Preta, mas o time de Ricardo Gomes alterna o 3-5-2 com o 4-4-2 dependendo do rival.
O Grêmio, time que há mais tempo usa o esquema preferido de Scolari, faz papel melhor -tem quatro pontos em duas partidas até o momento.
A falta de apelo do 3-5-2, descartado até pelo Atlético-PR, é tão grande que Flávio Teixeira, o Murtosa, que foi auxiliar do técnico na seleção no Mundial, não garante sua utilização em seu novo clube. Ontem, ao ser apresentado como o substituto de Wanderley Luxemburgo no Palmeiras, Murtosa se mostrou indeciso. "Eu ainda não defini o esquema tático que vou usar", declarou.
Até antigos entusiastas da linha com três zagueiros, como Mário Sérgio, dirigem hoje equipes que abdicaram dessa fórmula.
No São Caetano, seu atual clube, o treinador preferiu manter o 4-4-2 de Jair Picerni, que levou a agremiação do ABC à final dos últimos dois Brasileiros e da Libertadores-2002. "Vou manter um esquema que vem tendo relativo sucesso", disse, ao assumir o cargo.
Mário Sérgio foi o primeiro técnico do Atlético-PR no Brasileiro do ano passado. Montou o 3-5-2 que depois foi aperfeiçoado por Geninho e deu o primeiro título nacional ao time paranaense.
Quem teve sucesso no primeiro semestre com o esquema que deu o título mundial para o Brasil na Ásia já esqueceu o 3-5-2 logo após o primeiro tropeço no Nacional.
Depois de estrear perdendo para o Flamengo por 3 a 1, o técnico Guto Ferreira, do Internacional, trocou a tática que deu ao time o título do Campeonato Gaúcho pelo tradicional 4-4-2 no jogo contra o Corinthians, anteontem, quando o time de Porto Alegre novamente perdeu, mas dessa vez com desempenho bem melhor.
"Vou fechar mais o time fazendo duas linhas de quatro. Espero que a zaga renda melhor", disse Ferreira sobre sua nova escolha.

Ex-adeptos
Os treinadores que sempre desconfiaram da eficácia do 3-5-2 continuam a desprezar o sistema.
"Não abro mão do meu esquema", diz o corintiano Carlos Alberto Parreira, que faz sua equipe jogar com a tradicional linha de quatro defensores. Isso depois de mudar de idéia em relação ao ataque -usa três atacantes agora no lugar de dois. No São Paulo, apesar de testar variações táticas, Oswaldo de Oliveira já deu entrevistas afirmando que não gosta do esquema adotado por Scolari.
Pelo menos nas duas rodadas iniciais, a diminuição no número de equipes atuando no 3-5-2 foi positiva para a ofensividade do Brasileiro-2002. As duas jornadas tiveram, sem contar os três jogos que seriam realizados ontem à noite, média de três gols por confronto. No ano passado, as duas rodadas iniciais apresentaram média menor -2,57 por partida.
Uma estatística do Datafolha ajuda a comprovar a tese daqueles que atacam o 3-5-2 por ser um sistema que proporciona jogos com menos espetáculo.
O início do último Nacional foi mais violento do que o atual. Os números só não são mais positivos por culpa dos times que atuam com três zagueiros. Contra uma média geral de 28,3 faltas por equipe em cada jogo, Atlético-MG, Figueirense, Grêmio e Juventude têm média de 34,1 infrações por partida.


Colaborou Eduardo Arruda, da Reportagem Local



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