São Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

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PAULO VINICIUS COELHO

O que é time grande?


Ou você tem poder de montar um time vencedor hoje ou corre o risco de deixar a lista dos considerados grandes


HÁ ANOS , um assunto preocupa os ingleses, que tiveram seu campeonato iniciado ontem: o número de clubes grandes.
Eles se lembram de um período da história em que times de diversas regiões do país eram chamados de grandes. Entre 1961 e 1973, em 13 temporadas, nove torcidas diferentes comemoraram o título: Totten- ham, Everton, Manchester United, Manchester City, Arsenal, Liverpool, Ipswich e Derby County. De 1996 para cá, no mesmo número de torneios, só três ganharam: Chelsea, Manchester United e Arsenal.
Há anos, o Brasil se acostumou com a presunção de ser o único país do planeta com um número tão expressivo de clubes grandes. São 12. E você ouvirá queixas de torcedores do Bahia, do Sport, do Náutico, do Atlético-PR, excluídos da lista.
Mas o primeiro turno acaba hoje -à parte os jogos atrasados- e deixa latente a impressão de que o campeão será um, entre três times: Palmeiras, São Paulo ou Internacional.
Sim, há nesta análise a pressa do colunista: "O Corinthians é time que pode dar uma arrancada. Se contratar...", pensa Muricy Ramalho.
Então, vá espremendo. Do bloco de cima, podem ganhar o campeonato os times citados acima. Se você tiver que cravar um só, apontaria Atlético-MG ou Goiás como campeão brasileiro? Eu também não.
Do bloco do meio, a arrancada improvável pode acontecer com Grêmio e Corinthians. Poderia acontecer o mesmo com o Cruzeiro, campeão em 2003. Mas as vendas de Wagner e Gérson Magrão inviabilizam a reação a tempo de pensar em título. Em Libertadores, talvez.
Pronto, você já viu que no Brasileiro a aflição será, em breve, a mesma dos ingleses. Não olhe o passado, a capacidade de lotar estádio ou os Estaduais conquistados ao longo de cem anos. Ou você tem poder de montar um time vencedor hoje ou corre o risco de deixar de ser grande.
Em sete anos de pontos corridos, houve quatro campeões diferentes, todos de uma única região do país. E, nas últimas seis temporadas, só clubes paulistas ficaram com a taça.
Não, a situação por aqui ainda não está perto de se igualar à de Inglaterra, Espanha, Itália, onde um grupo restrito a três, quatro clubes, levanta troféus num período de dez anos.
Mas está a caminho.
A ilusão de que o Brasil é o país dos 12 grandes se dá porque a história do futebol brasileiro foi construída a partir dos Estaduais. Desde 1902, clubes formaram torcidas e se tornaram gigantes somando campeonatos baiano, mineiro, gaúcho, paulista, carioca... Todo campeonato do mundo produz um grupo seleto de três, quatro times dominantes, no máximo. No Brasil, não é diferente.
É por isso que restaram quatro grandes em São Paulo, quatro no Rio, dois em Minas, dois no RS. É por isso que sobraram três grandes na Itália, dois gigantes na Espanha, quatro na Inglaterra.
Ao mesmo tempo em que disputam o título, Palmeiras, São Paulo e Inter marcam presença na lista que o futebol brasileiro produzirá em breve. A dos que sabem se adaptar ao calendário que tem como base um campeonato, o Brasileirão.
Temporadas como a de 2008, em que cinco chegam às últimas rodadas com chance de troféu, são exceção. Pode esperar o segundo turno.

pvc@uol.com.br

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