São Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

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Mano ensina, de novo, Corinthians a jogar bola

Após desmanche, técnico usa treinos para mostrar o básico do futebol aos atletas

Sem vencer há cinco jogos e fazer gol há três, time pega o Atlético-MG com nova formação, que varia com três e quatro na defesa

DA REPORTAGEM LOCAL

"Se não tem habilidade para chegar driblando, chega dando ela para o meio da área", gritou o técnico Mano Menezes para o atacante Henrique, que perdera uma bola no canto do campo, em treino do Corinthians.
Foi uma das broncas, instruções e demonstrações que o treinador deu a seus jogadores durante a semana. O esforço é para remontar o time após o desmanche com negociações e contusões. Perdeu cinco titulares: Alessandro, André Santos, Cristian, Douglas e Ronaldo.
O resultado do trabalho será visto diante do Atlético-MG, hoje, no Pacaembu. Será como um teste para as aulas de Mano, que serviram para refazer o Corinthians, em um esquema que varia entre o 3-5-2 e o 4-4-2, após cinco jogos sem vencer.
Novato, Henrique foi um dos alvos. Por diversas vezes, Mano o agarrava com os dois braços e o deslocava pelo campo para lhe indicar o posicionamento certo para buscar espaço.
Em seguida, o próprio treinador, passo desajeitado, corria para a área para mostrar como ele deveria avançar com a bola. Até o instruía como bater nela. Impensável orientações iguais serem dadas ao titular Ronaldo.
"Um técnico muito experiente já me dizia que centroavante fica bom aos 28 anos, quando perde um pouco da ansiedade", brincou Mano sobre a juventude de seus atacantes.
Não por acaso o técnico tentava mostrar aos jogadores como escolher a melhor jogada para cada momento. Como quando Dentinho, em dois lances seguidos, partiu para a linha de fundo para cruzar.
"Tira para dentro e enfia o pé nela. Toda hora querer cruzar não dá", atacou Mano.
Os erros dos novatos, alguns deles improvisados, causaram irritação em Mano. Foi assim quando Jucilei, deslocado do meio para a ala, tentou um cruzamento pedido pelo técnico.
A bola foi longe. E o treinador levantou os braços, contrariado. Mandou repetir. Deu certo. "Isso", reagiu positivamente.
Eram determinadas expressões que indicavam a aprovação e a reprovação do treinador para seus alunos. "Aê" e "Isso" eram os elogios. Quando surgia um erro, "Ei, ei, ei".
O grito serviu para alertar um distraído Diego, que não avançou pela esquerda em lance que o time atacava. Uma falta de atenção de Bruno Bertucci, titular anterior da posição, deu condição legal a Adriano para marcar o gol do Flamengo na última derrota corintiana.
Mas, em geral, o ataque era a principal preocupação de Mano -o time fez só um gol nos últimos cinco jogos. Por isso, o técnico tentava mostrar os caminhos certos a seus atletas.
"Vem para dentro, Jorge [Henrique]. Economiza perna", gritava, pedindo a aproximação dos homens de frente.
É um trabalho para recuperar a "mecânica" de uma formação que jogava entrosada e ganhou os dois títulos que disputou em 2009, depois de um ano sendo treinada no Brasileiro da Série B. Isso acabou.
"Estou montando uma equipe nova. Preciso começar tudo de novo. É frustrante. Não posso trabalhar a equipe como antes", lamentou Mano Menezes.
(RODRIGO MATTOS)


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