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FUTEBOL
O Mundial precisa de paz
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Copa do Mundo está sim
sob a ameaça do terrorismo.
Vários fatores apontam para
um Mundial de alto risco no ano
que vem no que se refere a ações
violentas, de extremistas.
A efervescente Ásia vai abrigar
uma Copa pela primeira vez. Como todos já sabem, dois países,
longe de serem co-irmãos, serão
os hóspedes do evento.
A polícia japonesa assumiu já
seu total despreparo no combate
aos hooligans. A chegada de torcedores violentos, altamente motivados, já assustava o Comitê Organizador Japonês da Copa.
Possivelmente, as leis japonesas
serão alteradas para tentar impedir a chegada de estrangeiros com
qualquer passagem policial. Os
atentados nos EUA multiplicaram as preocupações dos anfitriões do Mundial.
O controle de imigração japonês deverá ser rigoroso.
Na Coréia do Sul, o espaço aéreo perto dos estádios que receberão jogos deverá ser vetado para
todos os tipos de aviões.
Na quinta-feira passada, o estádio de Taejon foi inaugurado na
Coréia do Sul com um amistoso
entre a seleção da casa e a Nigéria. Profissionais que cuidarão da
segurança nos palcos de jogos no
Mundial foram testados na partida, que acabou 2 a 2, mas esses
não sabem ao certo o que podem
enfrentar em 2002.
Israel tem uma grande chance
de jogar a Copa do ano que vem.
Os EUA também têm consideráveis chances. Irã ou Arábia Saudita representará o Oriente Médio.
Talvez os dois atuem no Mundial,
que deve contar ainda com a China pela primeira vez.
A posição da Coréia do Norte
em 2002 está ainda indefinida. O
país pode tanto receber jogos da
Copa como fazer protestos durante o torneio. As potências Rússia,
Inglaterra e França certamente
jogarão no Mundial asiático.
A questão geográfica e a logística da próxima Copa são obstáculos. A proximidade com o Afeganistão, potencial alvo americano,
é um risco. Centenas de aviões
cruzarão Coréia do Sul e Japão
com torcedores, atletas, patrocinadores e importantes personalidades do mundo todo. A imprensa dará cobertura total ao evento.
A Fifa tem procurado minimizar o problema, adotando o discurso tolo de que o "futebol não
tem a cara da violência". Várias
tentativas da entidade que dirige
o futebol mundial no sentido de
pregar a paz recentemente falharam. A começar por um jogo entre Israel e a seleção da Palestina,
federação estimulada e financiada pela gestão Joseph Blatter.
A Palestina marcou com estilo
sua presença nas eliminatórias
asiáticas, e Israel está fazendo história nas eliminatórias européias.
O jogo decisivo do próximo dia
7, em Tel Aviv, entre Israel e Áustria, já traz problemas para a Fifa. Os austríacos, temerosos com a
situação instável hoje no mundo,
não querem jogar em Israel.
Entre setembro e outubro, o
Oriente Médio receberá também
importantes confrontos pelas eliminatórias asiáticas. Paralelamente, a seleção dos EUA vai jogar o seu futuro na Concacaf.
É sempre bom lembrar que
grande parte dos patrocinadores
da Copa, que sofreu comercialmente com a falência da ISL, é de
empresas americanas, assustadas
com os atentados e também com
a recessão econômica nos EUA.
Se a primeira Copa na Ásia, a
primeira com duas sedes, já era
problemática, ficou nesta semana
ainda mais complicada.
Guerra aos agentes
No final deste mês, os "Agentes Fifa", empresários de futebol com
licença da entidade que rege o futebol mundial para atuar, passarão por um "pente-fino". Eles deverão ser submetidos a exames escritos nas federações nacionais de seus países. É uma tentativa da
Fifa de selecionar melhor seus agentes credenciados, uma vez que
alguns têm participado da falsificação de passaportes de jogadores.
Guerra em Madri
A imprensa européia tem alimentado uma disputa entre Figo e Zidane, os dois melhores jogadores no mundo na temporada passada, no Real Madrid. Muitos acham que a Fifa foi injusta ao dar o
prêmio de melhor jogador de 2000 para o francês, e não para o português, ganhador da última "Bola de Ouro". A atuação de Figo nos
2 a 1 sobre a Roma na Copa dos Campeões acirrou a disputa, que
deverá se repetir na eleição do melhor de 2001. Figo está ofuscando
Zidane, agora seu companheiro de time, e é de novo favorito.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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