São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2001

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FUTEBOL

O Mundial precisa de paz

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Copa do Mundo está sim sob a ameaça do terrorismo.
Vários fatores apontam para um Mundial de alto risco no ano que vem no que se refere a ações violentas, de extremistas.
A efervescente Ásia vai abrigar uma Copa pela primeira vez. Como todos já sabem, dois países, longe de serem co-irmãos, serão os hóspedes do evento.
A polícia japonesa assumiu já seu total despreparo no combate aos hooligans. A chegada de torcedores violentos, altamente motivados, já assustava o Comitê Organizador Japonês da Copa.
Possivelmente, as leis japonesas serão alteradas para tentar impedir a chegada de estrangeiros com qualquer passagem policial. Os atentados nos EUA multiplicaram as preocupações dos anfitriões do Mundial.
O controle de imigração japonês deverá ser rigoroso.
Na Coréia do Sul, o espaço aéreo perto dos estádios que receberão jogos deverá ser vetado para todos os tipos de aviões.
Na quinta-feira passada, o estádio de Taejon foi inaugurado na Coréia do Sul com um amistoso entre a seleção da casa e a Nigéria. Profissionais que cuidarão da segurança nos palcos de jogos no Mundial foram testados na partida, que acabou 2 a 2, mas esses não sabem ao certo o que podem enfrentar em 2002.
Israel tem uma grande chance de jogar a Copa do ano que vem. Os EUA também têm consideráveis chances. Irã ou Arábia Saudita representará o Oriente Médio. Talvez os dois atuem no Mundial, que deve contar ainda com a China pela primeira vez.
A posição da Coréia do Norte em 2002 está ainda indefinida. O país pode tanto receber jogos da Copa como fazer protestos durante o torneio. As potências Rússia, Inglaterra e França certamente jogarão no Mundial asiático.
A questão geográfica e a logística da próxima Copa são obstáculos. A proximidade com o Afeganistão, potencial alvo americano, é um risco. Centenas de aviões cruzarão Coréia do Sul e Japão com torcedores, atletas, patrocinadores e importantes personalidades do mundo todo. A imprensa dará cobertura total ao evento.
A Fifa tem procurado minimizar o problema, adotando o discurso tolo de que o "futebol não tem a cara da violência". Várias tentativas da entidade que dirige o futebol mundial no sentido de pregar a paz recentemente falharam. A começar por um jogo entre Israel e a seleção da Palestina, federação estimulada e financiada pela gestão Joseph Blatter.
A Palestina marcou com estilo sua presença nas eliminatórias asiáticas, e Israel está fazendo história nas eliminatórias européias.
O jogo decisivo do próximo dia 7, em Tel Aviv, entre Israel e Áustria, já traz problemas para a Fifa. Os austríacos, temerosos com a situação instável hoje no mundo, não querem jogar em Israel.
Entre setembro e outubro, o Oriente Médio receberá também importantes confrontos pelas eliminatórias asiáticas. Paralelamente, a seleção dos EUA vai jogar o seu futuro na Concacaf.
É sempre bom lembrar que grande parte dos patrocinadores da Copa, que sofreu comercialmente com a falência da ISL, é de empresas americanas, assustadas com os atentados e também com a recessão econômica nos EUA.
Se a primeira Copa na Ásia, a primeira com duas sedes, já era problemática, ficou nesta semana ainda mais complicada.

Guerra aos agentes
No final deste mês, os "Agentes Fifa", empresários de futebol com licença da entidade que rege o futebol mundial para atuar, passarão por um "pente-fino". Eles deverão ser submetidos a exames escritos nas federações nacionais de seus países. É uma tentativa da Fifa de selecionar melhor seus agentes credenciados, uma vez que alguns têm participado da falsificação de passaportes de jogadores.

Guerra em Madri
A imprensa européia tem alimentado uma disputa entre Figo e Zidane, os dois melhores jogadores no mundo na temporada passada, no Real Madrid. Muitos acham que a Fifa foi injusta ao dar o prêmio de melhor jogador de 2000 para o francês, e não para o português, ganhador da última "Bola de Ouro". A atuação de Figo nos 2 a 1 sobre a Roma na Copa dos Campeões acirrou a disputa, que deverá se repetir na eleição do melhor de 2001. Figo está ofuscando Zidane, agora seu companheiro de time, e é de novo favorito. E-mail: rbueno@folhasp.com.br



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