São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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VÔLEI

Balanço final

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

O sétimo lugar obtido pela seleção feminina no Mundial carrega significados diferentes. Pode ser interpretado como uma vitória pelas dificuldades superadas por um time renovado e talentoso. Mas também pode ser sentido como uma derrota por não termos competido com todas as grandes jogadoras do país.
Basta relembrar o jogo entre Brasil e China pelas quartas-de-final. Nos momentos decisivos, faltou pelo menos uma levantadora mais experiente. Depois de abrir uma vantagem de 2 sets a 1, as brasileiras não conseguiram controlar a ansiedade, perderam os dois sets seguintes e a partida.
Está certo que Marcelle fez um grande torneio e talvez tenha sido a maior boa-nova do time, já que levantadora é a posição mais carente no país. Mas, em algumas situações, a experiência faz diferença. E Marcelle só vai conquistar a experiência com o tempo.
Nos Jogos de 2004, o time terá reais chances de pódio.
Vale lembrar que o sétimo lugar pode ser dividido com as cinco titulares que pediram dispensa: Fofão, Virna, Érika, Raquel e Walewska. Não ter participado do time também foi uma escolha dessas atletas, o que acarretou consequências para a seleção. E isso merece reflexão dessas jogadoras.
No balanço de quem ganhou e perdeu no Mundial, a Rússia saiu como a grande derrotada. Com uma seleção de gigantes, ofuscada nos últimos dez anos pelo poderio cubano, deixou escapar a melhor chance de conquistar o ouro. Sorte da Itália e dos Estados Unidos, os grandes vencedores.
O técnico da Rússia, Nikolai Karpol, foi buscar no futebol uma explicação para o que aconteceu com o seu time. Ele disse que Argentina e França pareciam destinadas a vencer a Copa do Mundo e o Brasil acabou conquistando o título. Como dá para perceber, Karpol anda se sentindo meio argentino, meio francês.
O certo é que o tão temido bloqueio russo não parou o ataque dos Estados Unidos. E o time norte-americano não deixou dúvidas. Mostrou um saque preciso e apresentou um bloqueio mais poderoso com Danielle Scott e Heather Bown. Resultado: derrotou as russas na primeira fase e nas semifinais por 3 sets a 2.
Mas o título ficou com a Itália. A inédita conquista confirmou a evolução do vôlei feminino italiano. Desde o ano passado, o time vem conseguindo resultados nunca antes registrados na sua história, como o vice europeu.
Uma das novidades na Itália, comandada desde a última temporada por Marco Bonitta, foi a troca de levantadoras. A antiga titular, Maurizia Cacciatori, nem foi convocada. O seu lugar foi ocupado por Eleonora lo Bianco.
A equipe também contou com a força do ataque de Elisa Togut, uma gigante 1,92 m, que na final destruiu o bloqueio dos Estados Unidos. A jogada básica foi bola alta para Togut. Ela virou praticamente todas, fez 30 pontos e teve a merecida honra de fazer o último ponto da decisão.
Outra façanha da Itália foi ter eliminado nas semifinais a China, uma das favoritas ao título e a vilã do Mundial. Elas perderam dois jogos de propósito, escolheram rivais e morreram na praia.
Dessa história, restou uma tarefa aos dirigentes: elaborar regulamentos e tabelas que não possibilitem manobras. Agora é esperar que no Mundial masculino, que começa dia 28, não apareçam seguidores da marmelada chinesa.

Argentina

A seleção masculina da Argentina derrotou Cuba nos dois primeiros amistosos preparatórios, da série de três, para o Campeonato Mundial. No primeiro confronto, a vitória foi por 3 sets a 2. No segundo, por 3 sets a 0. Cuba está com uma equipe renovada e só contou com um jogador experiente nessas duas partidas: o central Pavel Pimienta. Nesta semana, o técnico da Argentina, Carlos Getzelevich, vai divulgar a lista dos jogadores que vão disputar o Mundial em casa, a partir de 28 de setembro.

Nova jogada

O ex-atacante da seleção brasileira Jorge Édson faz a sua primeira jogada fora das quadras. Campeão olímpico em 1992, ele vai inaugurar nesta quarta-feira um café em Sorocaba. Uma das atrações será uma exposição de fotos de vôlei. A inauguração contará com a presença de atletas, técnicos e integrantes do time do BCN/Osasco, onde ele atualmente trabalha como assistente técnico.

E-mail cidasan@uol.com.br


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