|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Onde entra Ricardinho?
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O São Paulo arrasou o Fluminense como há muito não
se via. Foi praticamente uma partida de um time só.
O placar poderia ter sido ainda
mais abissal. Além dos seis que
valeram, o São Paulo teve um gol
anulado injustamente, perdeu
um pênalti e chutou duas bolas
na trave. Poderia ter vencido por
oito ou nove, sem exagero.
Que o tricolor paulista é, hoje,
uma equipe superior ao carioca,
não há quem duvide. A posição
dos clubes na tabela e uma rápida
comparação entre os dois elencos
mostra isso.
No entanto, essa superioridade
não explica, por si só, uma vitória
tão esmagadora como a de ontem. Entram em cena, então, as
tais "circunstâncias do jogo".
Um lance decisivo foi o que
ocorreu logo no início da partida,
fora do alcance das câmeras de
TV: o safanão que Romário deu
no zagueiro Andrei, seu companheiro de equipe.
O entrevero certamente deixou
abalado o zagueiro, que acaba de
chegar ao clube. Alguns minutos
depois, ele se atrapalhou com a
bola e deixou-a passar para o são-paulino Júlio Batista, que abriu o
placar com um belo gol.
A partir daí, o São Paulo, que já
encontrava facilidade para chegar à área do Fluminense, passou
a ter mais espaço e tranquilidade
para trocar passes e envolver a
defesa adversária.
No segundo tempo, o Fluminense voltou disposto a equilibrar a
partida, mas foi logo nocauteado
pelo segundo gol são-paulino, numa jogada bem trabalhada que
merece um comentário à parte.
Foi um lance que demonstrou
toda a importância que Kaká tem
para seu time. Ele pegou uma sobra na frente da área são-paulina
e iniciou o contra-ataque abrindo
um passe para o lateral Rafael. A
jogada continuou pela direita,
mas Kaká não parou.
Quando o atacante Luís Fabiano cruzou rasteiro para o meio da
área adversária, quem estava lá?
Ele mesmo, Kaká, que acertou
um lindo chute no ângulo.
Depois da expulsão do zagueiro
César, no segundo tempo, o Fluminense acabou de se desarrumar. O técnico Renato Gaúcho,
para colocar outro beque, tirou o
lateral-esquerdo Marquinhos, e
foi esse vazio que o São Paulo
aproveitou para fazer a festa.
Pois bem. O São Paulo vinha de
duas derrotas com Ricardinho em
campo. Ontem, sem o jogador,
voltou a brilhar como em suas
melhores jornadas.
Isso significa que Ricardinho
não tem lugar no time? Calma lá.
Talvez seja apenas um indício de
que o jogador se encaixava muito
melhor no Corinthians de Parreira -que valorizava a posse de
bola e as inversões de jogadas, numa tática paciente de esperar a
brecha adversária- do que no
São Paulo de Oswaldo de Oliveira, um time que avança em bloco
com rapidez vertiginosa.
Ou talvez Ricardinho só precise
de um tempo para se adaptar à
marcha rápida tricolor. Nesse esquema, Júlio Batista tem-se mostrado mais eficaz. Ontem, o meia
fez uma belíssima partida. Foi
talvez o melhor em campo, junto
com Kaká.
E o São Paulo ainda se dá ao luxo de ter no banco um meia como
Adriano, que ontem, no pouco
tempo que jogou, deu dois passes
precisos que redundaram em gols.
Os são-paulinos comemoram,
mas têm na lembrança derrotas
recentes e vexaminosas. Mesmo
ontem, quase sem ser ameaçada,
a defesa tricolor conseguiu bater
cabeça. Ou seja: o calcanhar-de-aquiles continua lá.
Crise verde
O Palmeiras, quem diria,
continua na zona de rebaixamento. O time sofreu desmanches e desfalques, mas
não era para tanto. Seu elenco atual não é ruim. A questão é mais psicológica do que
técnica. Quanto à tática, talvez Levir Culpi tenha errado
ao escalar três atacantes num
time que ainda não se encontrou e que carece de consistência no meio-de-campo.
Sua afoiteza foi punida com
mais uma derrota em casa,
desta vez para o Bahia.
Incêndio em Caxias
Se o Palmeiras surpreende
pelo declínio, o Juventude
surpreende pelo sucesso.
Com uma única derrota, o time de Caxias está seis pontos
na frente do segundo colocado, algo muito difícil de conseguir num torneio equilibrado como o Brasileiro. Pode
até ser que o clube perca a liderança, mas já não dá mais
para falar em "fogo de palha".
E-mail jgcouto@uol.com.br
Texto Anterior: A rodada Próximo Texto: Futebol: Sem Ricardinho, São Paulo humilha Flu Índice
|