São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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BASQUETE

Wanderson diz que usou descongestionante e pensou em não fazer teste

Seleção descarta médico e tem 2º flagrado por doping

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A história é parecida. Dois anos depois do doping do pivô Rafael Araújo, o Baby, outro jogador da seleção brasileira de basquete foi pego no exame antidoping em uma competição fora do Brasil.
Desta vez o personagem é o ala Wanderson Trigueiro, do Uberlândia, convocado para amistosos pela Europa em julho, que serviram de treino para equipes que foram aos Jogos de Atenas -o Brasil perdeu sete dos oito jogos.
Um exame feito na Grécia revelou a existência de efedrina no organismo do atleta. A Fiba (Federação Internacional de Basquete) suspendeu Wanderson preventivamente, até sair o resultado da contraprova, aberta anteontem.
A efedrina é um estimulante do sistema nervoso central, que retarda os efeitos da fadiga.
Wanderson, 23, afirma que não tinha intenção de se dopar. Diz que estava gripado e que utilizou um descongestionante nasal que sempre usa antes de dormir.
Segundo ele, a seleção foi pega de surpresa com a notícia de que teria que fazer antidopings na Grécia. "Competições amistosas nunca têm exames. Acho que como são jogos sem valor, isso não representaria uma vantagem."
Apenas quando chegaram a Atenas os jogadores souberam que teriam que fazer os exames. Em um primeiro momento, pensaram em se recusar. "A gente tentou dizer que não ia participar da Olimpíada, mas não adiantou, tivemos que fazer os testes, porque os organizadores disseram que se não fizéssemos iam dizer que nós estávamos dopados."
E Wanderson culpa o fato de não ter um médico com a seleção pelo que aconteceu com ele.
"Se tivesse um médico lá isso não teria acontecido. A gente não teria feito o exame, ele teria dado um jeito, teria entrado com um pedido, alguma coisa", diz o jogador que não jogou o Sul-Americano por causa da suspensão.
A Confederação Brasileira de Basquete argumenta que em competições amistosas não há a obrigatoriedade de um médico acompanhar a delegação. Para a Grécia, o Brasil levou só um fisioterapeuta para cuidar de lesões.
Caso o resultado da contraprova dê positivo, o jogador deve basear sua defesa principalmente no fato de se tratar de um torneio amistoso. "Ainda bem que isso aconteceu agora, num torneio sem importância. Assim acho que minhas chances de ser absolvido são bem maiores", afirma.
De acordo com Eduardo De Rose, médico brasileiro e membro do conselho principal da Agência Mundial Antidoping, a Wada, a alegação não tem fundamento. "A partir do momento em que o atleta está jogando, não pode usar um medicamento que contenha alguma substância proibida, não importa o tipo de competição."
Ainda segundo De Rose, a punição máxima para esse tipo de doping é de um ano de suspensão.


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