São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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FUTEBOL

Ex-atleta intermediou contrato Flamengo/ISL, negociou com o Vasco e ganhou US$ 5 mi de ex-parceira corintiana

Pelé lucrou com acordos que agora critica

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

O empresário Pelé faturou com todas as parcerias que, segundo ele citou anteontem, exemplificam a má gestão do dinheiro investido no futebol brasileiro.
"Por que não perguntam no Flamengo cadê os US$ 80 milhões da ISL? Por que não vão ao Vasco e perguntam onde estão os US$ 70 milhões do Nations Bank? Por que não vão ao Corinthians ver o que aconteceu com o dinheiro do HMTF? Os caras roubam os clubes, somem com o dinheiro e vêm pôr a culpa na lei", afirmou Pelé, anteontem, ao retrucar a idéia de que a Lei Pelé seja o principal motivo da crise financeira do futebol.
Foi a Pelé Sports & Marketing, sua agência de marketing, que levou a ISL ao Flamengo.
"Fico curioso em saber por que o Pelé, nos mais de dois anos de reuniões, nunca se deu ao trabalho de perguntar para onde ia o dinheiro. Ele só perguntava do dele", diz Hélio Vianna, sócio que rompeu com Pelé em 2001.
No caso do Vasco, a PS&M fechou acordo para transformar São Januário em arena multiuso.
Com o braço de mídia do parceiro corintiano (a TV PSN), Pelé assinou contrato de US$ 5 milhões para comentar jogos.
Também anteontem, o ex-ministro dos Esportes (1995-1998) chamou os jogadores de "burros" porque "tiveram a liberdade, mas se livraram do clube e passaram a ficar nas mãos de empresários". Pelé só não mencionou que fundou a Global Pelé Brasil, agência criada no ano passado justamente para gerenciar carreira de atletas.
Ontem, Eurico Miranda distribuiu interpelação judicial para que Pelé confirme as insinuações de que há corrupção no futebol. "O assunto será discutido na Justiça", disse o presidente do Vasco.
O vice-presidente corintiano Roque Citadini refutou a acusação. "Na CPI do Futebol, o Corinthians não é citado nenhuma vez. Ao contrário do Santos do Pelé."
Na mencionada CPI, o ex-presidente Samir Abdul-Hak, ex-advogado pessoal de Pelé, foi acusado de apropriação indébita de recursos do clube, sonegação fiscal, falsidade ideológica, gestão temerária e evasão de divisas na transação de atletas para o exterior.
O ex-jogador, que bate na tecla de corrupção no esporte desde 1993, quando acusou a CBF à "Playboy", pouco se empenhou nas investigações no Congresso. Pelo contrário, participou do "Pacto da Bola", criado para esvaziar as CPIs, e telefonou a parlamentares para que não estendessem a CPI da CBF/Nike. Ontem, Pelé não foi localizado pela Folha.


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