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FUTEBOL
Ex-atleta intermediou contrato Flamengo/ISL, negociou com o Vasco e ganhou US$ 5 mi de ex-parceira corintiana
Pelé lucrou com acordos que agora critica
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
O empresário Pelé faturou com
todas as parcerias que, segundo
ele citou anteontem, exemplificam a má gestão do dinheiro investido no futebol brasileiro.
"Por que não perguntam no
Flamengo cadê os US$ 80 milhões
da ISL? Por que não vão ao Vasco
e perguntam onde estão os US$ 70
milhões do Nations Bank? Por
que não vão ao Corinthians ver o
que aconteceu com o dinheiro do
HMTF? Os caras roubam os clubes, somem com o dinheiro e vêm
pôr a culpa na lei", afirmou Pelé,
anteontem, ao retrucar a idéia de
que a Lei Pelé seja o principal motivo da crise financeira do futebol.
Foi a Pelé Sports & Marketing,
sua agência de marketing, que levou a ISL ao Flamengo.
"Fico curioso em saber por que
o Pelé, nos mais de dois anos de
reuniões, nunca se deu ao trabalho de perguntar para onde ia o
dinheiro. Ele só perguntava do
dele", diz Hélio Vianna, sócio que
rompeu com Pelé em 2001.
No caso do Vasco, a PS&M fechou acordo para transformar
São Januário em arena multiuso.
Com o braço de mídia do parceiro corintiano (a TV PSN), Pelé
assinou contrato de US$ 5 milhões para comentar jogos.
Também anteontem, o ex-ministro dos Esportes (1995-1998)
chamou os jogadores de "burros"
porque "tiveram a liberdade, mas
se livraram do clube e passaram a
ficar nas mãos de empresários".
Pelé só não mencionou que fundou a Global Pelé Brasil, agência
criada no ano passado justamente
para gerenciar carreira de atletas.
Ontem, Eurico Miranda distribuiu interpelação judicial para
que Pelé confirme as insinuações
de que há corrupção no futebol.
"O assunto será discutido na Justiça", disse o presidente do Vasco.
O vice-presidente corintiano
Roque Citadini refutou a acusação. "Na CPI do Futebol, o Corinthians não é citado nenhuma vez.
Ao contrário do Santos do Pelé."
Na mencionada CPI, o ex-presidente Samir Abdul-Hak, ex-advogado pessoal de Pelé, foi acusado de apropriação indébita de recursos do clube, sonegação fiscal,
falsidade ideológica, gestão temerária e evasão de divisas na transação de atletas para o exterior.
O ex-jogador, que bate na tecla
de corrupção no esporte desde
1993, quando acusou a CBF à
"Playboy", pouco se empenhou
nas investigações no Congresso.
Pelo contrário, participou do
"Pacto da Bola", criado para esvaziar as CPIs, e telefonou a parlamentares para que não estendessem a CPI da CBF/Nike. Ontem,
Pelé não foi localizado pela Folha.
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