São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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PINGUE-PONGUE

Brasileiro diz que teve medo, mas vê time como família

DA REPORTAGEM LOCAL
E DO ENVIADO A ATENAS

Cléber Vieira, 25, é um dos cinco estrangeiros do Sakhnin. Há pouco mais de um mês no time e com contrato por uma temporada, o atacante diz que ficou com medo ao saber que jogaria em Israel e que o clube é diferente por ter a simpatia de árabes e judeus. (EO E FI)
 

Folha - Como você, que começou na Ponte Preta, foi parar em um time árabe em Israel?
Cléber -
Eu jogava na Bélgica, no Liège, e minha empresária, que tinha contato com o treinador do time, me trouxe para cá.

Folha - Você ficou com medo?
Cléber -
Estava de férias, na Espanha, e minha empresária me ligou e disse: "Você vai para Israel". Pelo o que a gente vê na TV, dá medo, mas já tinha outro brasileiro aqui, e ele me falou para vir tranqüilo. Tem os problemas entre árabes e judeus, mas aqui o bom é que você pode andar na rua tranqüilo.

Folha - E como é jogar num time árabe em Israel?
Cléber -
O Sakhnin é diferente. Uniu estrangeiros com árabes e judeus. Não há diferença, é como uma família. Em outras equipes, é difícil ter árabes. Nosso time é o único árabe na primeira divisão, os outros não conseguem subir, dizem que têm problemas com árbitros.

Folha - Como estrangeiro, você não teve problema?
Cléber -
Não, gostam muito do estrangeiro. Você vai fazer compras e não deixam pagar.

Folha - Para vocês, jogar em Tel Aviv é um problema?
Cléber -
Não. Árabes e judeus gostam da equipe. Até contra o Partizan foi muita gente assistir. Tel Aviv fica a 250 km de Shakhin. Não era só o pessoal de Shakhin, que tem 5.000 ou 10 mil habitantes. O estádio lotou. Só há discriminação quando encaramos equipe judia.

Folha - E a cidade?
Cléber -
Shakhin é pequenina. Poucos atletas moram lá. Moro em Camel, uma cidade de judeus, a 10 km de Shaknin.

Folha - E como o Shakhin vai encarar o Newcastle?
Cléber -
Somos um time pequeno. Nunca se sabe. O Newcastle é uma superequipe, mas o futebol é imprevisível. O empate na Inglaterra será ótimo.


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