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FUTEBOL
Após triunfar em Israel e receber elogios de Ariel Sharon, Hapoel Bnei Sakhnin pega hoje Newcastle pela Copa da Uefa
Tabelinha de árabes e judeus quer Europa
DA REPORTAGEM LOCAL
E DO ENVIADO A ATENAS
Ao entrar em campo hoje para
enfrentar o Newcastle na primeira
rodada da Copa da Uefa, o Hapoel
Bnei Sakhnin, liderado pelo brasileiro Cléber Vieira, fará história.
Será o primeiro time de uma cidade árabe desde a criação de Israel, em 1948, a representar o país
em um campeonato europeu. Seu
maior mérito, no entanto, foi conseguir unir inimigos históricos.
O treinador da equipe, Eyal
Lahmin, é judeu e comanda, além
de jogadores que cultivam a mesma crença que a sua, muçulmanos e cristãos e cinco estrangeiros,
inclusive o atacante Cléber.
"Não sei se seremos campeões
da Copa da Uefa, mas sinto que
estamos superando a situação entre árabes e judeus em Israel. Espero que o time seja um exemplo
para a coexistência pacífica", diz
Lahmin. "Religião não é o assunto
principal em nosso time. Futebol
e relacionamentos entre pessoas,
sim. Nós balançamos a bandeira
da paz", finalizou o treinador.
O Sakhnin, que integra a elite de
seu país há uma temporada, garantiu vaga na Copa da Uefa, o segundo interclubes em importância na Europa, ao conquistar a Copa de Israel. Para enfrentar o
Newcastle, teve que passar pelo
Partizan, da Albânia, na fase eliminatória. Foram duas vitórias: 3
a 0 em casa e 3 a 1 em Tirana.
Em casa é modo de dizer, já que,
por causa da conturbada situação
política em Israel, todas as partidas da Uefa em Israel são disputadas em Tel Aviv. Mesmo assim, o
estádio Ramat Gan recebeu bom
público. "Tinha gente de Tel Aviv
também. Tenho um amigo judeu
que torce pelo time", disse Cléber.
Para o capitão do time, Shuwan
Abbas, a relevância do Sakhnin
ultrapassa os limites do campo.
"É importante para mim, para
todos os árabes de Israel e para todas as pessoas que acreditam na
paz e na coexistência", festeja.
Os dirigentes também comemoram o sucesso da equipe.
"É um exemplo para o resto do
mundo. Uma equipe com judeus,
cristãos, muçulmanos e estrangeiros representando uma cidade
árabe pode representar uma ponte para a paz", afirmou o presidente da Federação Israelense de
Futebol, Itche Menahen.
E a simpatia que a equipe desperta não fica restrita aos gramados. Depois da conquista da Copa
de Israel, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, telefonou
ao presidente do Sakhnin, Maazen Ghnaim, para congratulá-lo.
De acordo com o dirigente, há a
promessa de 800 mil para ajudar na construção de um estádio,
cujo orçamento está previsto em
1,6 milhão.
(EDUARDO OHATA E FERNANDO ITOKAZU)
Com agências internacionais
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