São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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FUTEBOL

Após triunfar em Israel e receber elogios de Ariel Sharon, Hapoel Bnei Sakhnin pega hoje Newcastle pela Copa da Uefa

Tabelinha de árabes e judeus quer Europa

DA REPORTAGEM LOCAL
E DO ENVIADO A ATENAS

Ao entrar em campo hoje para enfrentar o Newcastle na primeira rodada da Copa da Uefa, o Hapoel Bnei Sakhnin, liderado pelo brasileiro Cléber Vieira, fará história.
Será o primeiro time de uma cidade árabe desde a criação de Israel, em 1948, a representar o país em um campeonato europeu. Seu maior mérito, no entanto, foi conseguir unir inimigos históricos.
O treinador da equipe, Eyal Lahmin, é judeu e comanda, além de jogadores que cultivam a mesma crença que a sua, muçulmanos e cristãos e cinco estrangeiros, inclusive o atacante Cléber.
"Não sei se seremos campeões da Copa da Uefa, mas sinto que estamos superando a situação entre árabes e judeus em Israel. Espero que o time seja um exemplo para a coexistência pacífica", diz Lahmin. "Religião não é o assunto principal em nosso time. Futebol e relacionamentos entre pessoas, sim. Nós balançamos a bandeira da paz", finalizou o treinador.
O Sakhnin, que integra a elite de seu país há uma temporada, garantiu vaga na Copa da Uefa, o segundo interclubes em importância na Europa, ao conquistar a Copa de Israel. Para enfrentar o Newcastle, teve que passar pelo Partizan, da Albânia, na fase eliminatória. Foram duas vitórias: 3 a 0 em casa e 3 a 1 em Tirana.
Em casa é modo de dizer, já que, por causa da conturbada situação política em Israel, todas as partidas da Uefa em Israel são disputadas em Tel Aviv. Mesmo assim, o estádio Ramat Gan recebeu bom público. "Tinha gente de Tel Aviv também. Tenho um amigo judeu que torce pelo time", disse Cléber.
Para o capitão do time, Shuwan Abbas, a relevância do Sakhnin ultrapassa os limites do campo.
"É importante para mim, para todos os árabes de Israel e para todas as pessoas que acreditam na paz e na coexistência", festeja.
Os dirigentes também comemoram o sucesso da equipe.
"É um exemplo para o resto do mundo. Uma equipe com judeus, cristãos, muçulmanos e estrangeiros representando uma cidade árabe pode representar uma ponte para a paz", afirmou o presidente da Federação Israelense de Futebol, Itche Menahen.
E a simpatia que a equipe desperta não fica restrita aos gramados. Depois da conquista da Copa de Israel, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, telefonou ao presidente do Sakhnin, Maazen Ghnaim, para congratulá-lo.
De acordo com o dirigente, há a promessa de 800 mil para ajudar na construção de um estádio, cujo orçamento está previsto em 1,6 milhão. (EDUARDO OHATA E FERNANDO ITOKAZU)


Com agências internacionais


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