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JUCA KFOURI
O mata-mata volta à baila
Apesar da presença nos estádios aumentar, há quem queira acabar com os pontos corridos no Brasileirão
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CAMPEONATO Brasileiro perto
de sua reta final, recomeça a
interminável discussão sobre
sua fórmula.
Com defensores dos pontos corridos e do mata-mata simplesmente
por gostarem mais de um ou de outro jeito e com defensores mais fortes do mata-mata por outros motivos.
Aqui sempre se defendeu o
atual regulamento, mesmo quando
este parecia um sonho. E se defendeu em nome da tal meritocracia,
palavrinha horrorosa, mas que tem
a ver com competência e justiça.
Há quem argumente que do jeito
que está corremos o risco de ter
sempre os mesmos na luta pelo título e até pode ser verdade, embora
não seja inevitável, nem mesmo
provável, porque, diferentemente
do que se dá na Europa, temos mais
clubes de massa para dar equilíbrio.
Mas, o.k., e daí? Se assim for, o que
fazer? Punir os competentes? Permitir que alguém ganhe na última
hora por um golpe de sorte?
A fórmula atual, além do mais, garante atividade a todos os clubes durante dez meses e permite organizar
minimamente um calendário, ao
dar à torcida e aos clubes o direito de
conhecer sua agenda completa a cada temporada, por exigência do Estatuto do Torcedor.
É claro que nem por isso é impossível que se façam dois jogos, ou um
jogo, entre os campeões do primeiro
e do segundo turnos, ou mesmo (até
porque desde que o ponto corrido
foi implantado quem ganhou o primeiro turno ganhou também o segundo...) um torneio entre os quatro
mais bem colocados.
Só que, aí, por exemplo, quando
um clube brasileiro vencer a Libertadores terá problemas para disputar o Mundial da Fifa (que fim levou,
aliás, o título que a Fifa concederia
ao Palmeiras?).
O fato é que em defesa do mata-mata começam a surgir números
dando conta de baixas audiências no
futebol na TV aberta (sim, porque a
TV por assinaturas bateu novo recorde neste ano com o pacote do
Brasileirão -100 mil a mais).
Embora tais números sejam baseados no que diz o Ibope e não se
possa confiar cegamente neles, como nos ensinam as pesquisas eleitorais do instituto, o fato é que a Globo Esportes, ideologicamente, é a favor
do mata-mata. E ao vazar certos índices não só desdenha (porque quer
comprar?) do futebol em um momento em que se aguça a concorrência de quem faz dinheiro com o dízimo e, portanto, sem pagar impostos
(sim, estamos falando da Iurd), como também reforça uma posição
para que se mude a fórmula.
É legítimo e faz parte do jogo, mas
entra em contradição com o aumento das médias de público e renda nos
estádios neste ano, uma eventual
prova de que cada vez mais o torcedor se acostuma e gosta daquilo que
se faz no mundo inteiro em campeonatos nacionais.
E tudo indica que ainda crescerá
mais, não só porque o São Paulo
continuará a ser prestigiado por sua
torcida como será alvo das demais
que enfrentar fora de casa, assim como cresce a luta pela Libertadores e
por não cair.
Além do mais, lembremos, mata-mata é mesmo ótimo, e todos os demais torneios o adotam.
Há tanto a fazer em nosso futebol,
como não apoiar as MSIs da vida,
que mexer na fórmula é risível.
blogdojuca@uol.com.br
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