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Japão vivencia decadência no Mundial de judô
Berço da modalidade perde força política e fica sem ouro nos dois primeiros dias, a despeito da atuação avassaladora em Atenas
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Berço do judô e historicamente maior potência da modalidade, o Japão tem encarado
dificuldades no Mundial do
Rio. Dentro e fora do tatame.
O primeiro revés ocorreu antes do início das lutas, no congresso da Federação Internacional de Judô, que definiu a
nova diretoria da entidade.
Yasuhiro Yamashita, 50, que
ocupava a diretoria de educação, não conseguiu se reeleger.
Teve menos da metade dos votos de seu rival, o argelino Meridja Mohamed (123 a 61).
Mais que uma derrota política, a saída de Yamashita do corpo diretivo é um baque para a
força nipônica nos bastidores.
O japonês é um dos maiores
nomes da história do judô: disputou 559 lutas e perdeu só 16.
Nos tatames, nunca foi superado por um adversário que não
fosse japonês. E todas as derrotas aconteceram antes de ele
completar 19 anos.
Um dia depois da confirmação de sua saída, em entrevista
coletiva do congresso na qual
havia cerca de 20 jornalistas, o
secretário-geral da FIJ, Hedi
Dhouib, tentava tranqüilizar os
repórteres japoneses.
"O Japão ainda é o grande
país do judô", afirmou o tunisiano, informando ainda que a
federação pretende ampliar
sua comissão executiva e que
representantes do país não ficarão fora da cúpula diretiva.
Com o início do Mundial, a
expectativa era que os japoneses repetissem a performance
avassaladora dos Jogos de Atenas-04, quando fizeram 10 das
14 finais, tendo amealhado nada menos que oito ouros.
Contudo, após o encerramento dos combates no segundo dia, quando metade do
Mundial já havia sido realizada,
os nipônicos somavam três medalhas em oito disputadas, nenhuma delas de ouro (duas pratas e um bronze).
O desempenho aquém do esperado foi acompanhado de outro comportamento incomum
da equipe japonesa.
Na quinta-feira, depois de ter
sido derrotado, o meio-pesado
Keiji Suzuki contestou muito a
decisão dos juízes, negou-se a
apertar a mão do judoca que o
eliminou do certame e a deixar
a área de competição.
Nas arquibancadas, porém, a
força japonesa parece inabalável. O país, que impôs seu fuso
horário para realizar as finais
na noite brasileira -a fim de as
lutas passarem ao vivo na manhã, não na madrugada japonesa-, é disparado o que mais
conta com faixas na Arena Multiuso, palco do certame.
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