São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2008

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Sucessão faz sombra ao sprint do Palmeiras

Política no clube ferve no momento em que time se aproxima do Grêmio

Tentativas de acerto entre os grupos do presidente Della Monica e do vice de futebol, Gilberto Cipullo, estão perto de se esgotar


PAULO VINICIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

A três pontos do Grêmio, na corrida pela liderança do Brasileiro, o Palmeiras convive com uma ameaça neste final de 2008: a crise política.
Todas as tentativas de aglutinação entre os grupos do presidente Affonso della Monica e do vice-presidente de futebol, Gilberto Cipullo, estão perto de se esgotar e podem até representar reaproximação do presidente com Mustafá Contursi, seu antecessor no cargo.
O segundo mandato de Della Monica termina em janeiro. Há dois anos, ele foi eleito por uma coligação com o movimento "Muda Palmeiras", ligado a Cipullo e histórico opositor a Mustafá, de quem Della Monica foi vice até 2005.
O estatuto não dá direito à segunda reeleição, o que obrigaria Della Monica a indicar um candidato à sucessão.
Incapaz de fazer isso sem ferir um dos lados de sua base aliada, o presidente trabalhou politicamente para ampliar seu mandato atual até outubro.
Esbarrou, entretanto, no "Muda Palmeiras".
"Somos contra mudar estatuto por casuísmo", diz o presidente do Conselho Deliberativo, Serafim Del Grande, ligado ao "Muda Palmeiras".
Um dos capítulos dessa história foi a criação de uma comissão para reforma do estatuto, composta por seis integrantes (Gilberto Cipullo, Wladimir Pescarmona, Francisco Hipólito, Antônio Augusto Pompeu de Toledo, Gilton Avallone e Antônio Carlos Corcione), cinco deles do "Muda Palmeiras" -Corcione, ligado a Della Monica, é a exceção.
Entre esses, Cipullo é o que mais se aproxima da idéia de prorrogação do mandato, mas uma viagem de descanso inviabilizou sua participação nos diálogos das últimas semanas.
A comissão pretende ampliar o mandato até abril, em vez de outubro.
"Isso serviria para corrigir uma distorção", relata Del Grande. "Pelo estatuto atual, o presidente é eleito em janeiro, pelos conselheiros em fim de mandato. A idéia é eleger o novo conselho em janeiro e esses novos conselheiros elegerem o presidente em abril", explica o presidente do Conselho Deliberativo palmeirense.
Uma alternativa de Della Monica seria conseguir 60 assinaturas para exigir que o conselho convocasse assembléia para votar a prorrogação do mandato. Nesse caso, a prorrogação seria conquistada com 50% mais um dos votos da assembléia.
O atual estatuto exige a divulgação dos eleitores com direito a voto 60 dias antes da eleição e o edital de convocação com 30 dias de antecedência.
Isso significa que a votação do novo mandato, ou do novo estatuto, teriam de acontecer até o próximo 13 de outubro, com convocação no máximo em 30 de setembro.
Se não houver acordo nas próximas duas semanas, o mais provável é ocorrer a ruptura entre os dois grupos.


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