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São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2003

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Sem Luis Fabiano, clube está invicto no Brasileiro e conquistou 92% dos pontos; com o atacante, índice cai para 46% e piora quando ele faz gol

Artilheiro dá azar ao São Paulo

Fernando Santos/ Folha Imagem
O atacante Luis Fabiano, artilheiro do Brasileiro, com 23 gols


LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

Neste sábado, pela nona vez no Brasileiro de pontos corridos, o São Paulo não terá Luis Fabiano, expulso no domingo passado.
Assim, para a partida contra o Goiás, fora de casa, pela 37ª rodada, seus torcedores devem estar pessimistas em relação ao desempenho da equipe, que tenta na competição segurar uma vaga na Libertadores da América-2004.
Não deveriam.
Neste Nacional, o time do Morumbi é, por antagônico que possa parecer, extremamente mais eficiente quando vai a campo sem o artilheiro do campeonato.
Por razão de suspensão (cinco vezes), contusão (uma vez) ou por estar com a seleção (duas vezes), Luis Fabiano, 23 gols (36% do total do clube), ficou fora de oito partidas do São Paulo, atual quarto colocado do Brasileiro.
O resultado? Sete vitórias, um empate, nenhuma derrota. E o excelente aproveitamento de 92% dos pontos em disputa.
Nesses confrontos, quatro deles como mandante e quatro como visitante, teve diferentes escalações na frente: Reinaldo (que se transferiu para o futebol francês) e Kléber, Reinaldo e Rico, Diego e Rico, Diego e Kléber, só Rico.
O resultado? Catorze gols a favor (média de 1,8 por partida), só três contra (0,4). No geral, o ataque são-paulino tem no Nacional a média de 1,8 gol por partida, e sua defesa sofre 1,4 por duelo.
Isso mostra que, sem seu homem-gol, a equipe, com o demitido Oswaldo de Oliveira (um jogo) ou com Roberto Rojas (os outros sete), enche-se de cuidados defensivos e obtém sucesso, além de não prejudicar seu poder de fogo.
Mais: divide a artilharia entre quase todos os atletas. Dos 14 tentos, 11 foram feitos por jogadores diferentes, tanto do ataque (Reinaldo, Kléber, Diego e Rico) como do meio (Júlio Baptista, que agora está na Espanha, Fábio Simplício, Carlos Alberto e Ricardinho) e da defesa (Jean, Fabiano e até o ex-renegado Gabriel).
"O time joga bem [sem o Luis Fabiano] porque quem entra precisa mostrar futebol para ganhar a vaga e, depois, poder jogar com ele", disse Diego. "Além disso, ele é muito chato, te xinga [durante os jogos]. Mais tarde, até elogia, mas, antes, te xinga muito."
Com o temperamental artilheiro de 22 anos dentro das quatro linhas, a história é bem diferente -para pior. Foram dez vitórias, nove empates, nove derrotas e o pífio aproveitamento de 46%.
Desanimador?
O panorama fica mais negro quando Luis Fabiano deixa sua marca: o São Paulo obteve nessas ocasiões 43% dos pontos (seis vitórias, cinco empates e sete derrotas). Nas vezes em que ele começou jogando e passou em branco, o rendimento subiu para 53%.
Levando-se em conta somente as partidas do segundo turno, que dão uma visão mais imediata da situação, observa-se que Luis Fabiano tem sido ainda mais pé-frio: o São Paulo, nas cinco vezes em que ele atuou e balançou as redes ao menos uma vez, ganhou apenas um jogo e obteve o péssimo índice de 27% de aproveitamento dos pontos em disputa.
Mesmo assim, o técnico Rojas despreza os números e não pretende sacá-lo do time: "Com ele, tenho uma referência no ataque. Ninguém faz o que ele faz".
Por fim, um dado recente que ilustra o quão se dá bem o clube do Morumbi sem o principal -e talvez único, ao lado do goleiro Rogério- ídolo de sua torcida: no importante triunfo por 3 a 0 contra o Corinthians, no domingo, o time só conseguiu vazar o arqui-rival depois que Luis Fabiano levou o cartão vermelho.
Uma expulsão que, se fez um Luis Fabiano revoltado com a arbitragem querer "sumir" do Brasil, pode fazer os são-paulinos não acharem a idéia assim tão ruim.
Uma expulsão que, pelo que se registrou ao longo do Brasileiro, é motivo para deixar não preocupados, mas sim esperançosos, esses mesmos são-paulinos para o confronto no Serra Dourada.
Colaborou Marília Ruiz, da Reportagem Local

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