São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Entidades olímpicas, que sonham com lei para o esporte, são minoria em programa do ministério

Elite fecha os olhos para incentivo fiscal de projetos de base

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

As entidades que gerem as modalidades olímpicas praticamente ignoram mecanismo de incentivo fiscal para o esporte de base.
O Ministério do Esporte mantém em parceria com o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) projeto que permite a empresas dedução de 1% do Imposto de Renda devido como doação para projetos esportivos. Mas desde que eles tenham cunho social e não sejam voltados para adultos.
Dos 19 projetos aprovados até hoje, apenas dois envolvem diretamente entidades de elite: o Viva Vôlei, da confederação brasileira, e os núcleos de formação do Finasa, patrocinador do time de vôlei de Osasco, tricampeão nacional. Receberam cerca de R$ 2 milhões e R$ 2,7 mi, respectivamente.
Os demais foram inscritos por ONGs, associações e prefeituras. Entre eles estão a entidade dos velejadores campeões olímpicos Lars Grael, Torben Grael e Marcelo Ferreira, e a da ex-atleta de vôlei Ana Moser -este último mantido em parceria com o Rexona.
"No conceito, todos se preocupam com o social, mas, na prática, a prioridade é a excelência e só. E um mecanismo como esse acaba sendo subutilizado porque não interessa para muitos", diz Ana, relembrando o lobby das confederações e do comitê olímpico por incentivo para o esporte nos moldes da lei Rouanet, da Cultura. Hoje, as entidades olímpicas e paraolímpicas recebem o repasse de 2% da arrecadação das loterias.
Para algumas entidades, porém, o investimento em projetos sociais e de base não exclui o alto rendimento. A confederação de canoagem, por exemplo, festeja os frutos dessas iniciativas.
Algumas atletas da seleção permanente largaram a lavoura e despontam como promessas para o Pan-2007 graças a ações sociais que as colocaram na água.
"Com o esporte você dá oportunidade de a criança ter novas perspectivas e visão de vida. Será um cidadão melhor. Mas você também aumenta o número de gente passando pela peneira e fatalmente descobre talentos", diz João Tomasini, presidente da entidade, que ainda não conseguiu captar recursos via Conanda.
Até agora, mais de R$ 20 milhões em deduções já foram autorizadas. O recordista é o projeto Esporte Cidadão, da Prefeitura de Farroupilha (RS), com R$ 6,7 mi.


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